As Promotoras de Defesa do Meio Ambiente Kátia Lemos e Marta Eliana de Oliveira visitaram hoje a Organização Não-Governamental NEX (Não Extinção). A instituição, situada na Fazenda Preto Velho, em Corumbá (GO), a 112 quilômetros de Brasília, cuida de felinos que sofreram maus-tratos. Atualmente, a NEX cuida de nove felinos, quatro suçuaranas, quatro onças pintadas e uma jaguatirica. Hoje existem cerca de 35 onças pintadas e 55 onças pardas (suçuaranas) que não podem viver na natureza e vivem confinadas por falta de um lugar que possa abrigá-las, assemelhado ao NEX.
A visita teve por objetivo concluir o cadastramento da NEX na Central de Medidas Alternativas Ambientais, para que o projeto passe a receber prestações pecuniárias (doações, nas transações penais e suspensões do processo penal), que colaborem com seu sustento (as onçam comem, por dia, 5 kg de carne vermelha ou um frango inteiro).
Desde 2001, Cristina Gianni, idealizadora do projeto, “arregaçou as mangas”, como ela diz, para salvar esses animais. A idéia do refúgio surgiu durante uma visita ao Zoológico de Brasília, quando viu a primeira suçuarana das quatro que vivem no abrigo, Pacato. O felino permaneceu durante cinco anos em uma jaula de 2mx1m, esperando uma vaga no recinto de visitação do zoológico. Esses animais são tidos como problema para os zoológicos, pois não é possível o retorno deles ao meio ambiente e não há espaço para abrigá-los. “Minha luta é para salvar o animal com problema, não a espécie, pois o que salva esses animais é a preservação da floresta”, explicou a proprietária da fazenda.
O Instituto de Defesa de Preservação dos Felinos, outro nome da NEX, também criou o projeto “Onça Ajudando Gente”. É uma ação de conscientização ecológica da comunidade de Aparecida Loyola, a quatro quilômetros da fazenda. Os moradores descobriram que o Ecoturismo movimenta a economia do vilarejo e o conflito entre homem e onça só acontece quando o habitat dos animais é ofendido, pois os felinos precisam de grandes área de floresta para sobreviver e se alimentar. “Este projeto faz inclusão social, econômica e principalmente ecológica. Foi um enorme prazer poder ver a dimensão social do trabalho”, elogia a Promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente Katia Lemos.
A Promotora Marta Eliana ressaltou que o projeto traz soluções para o problema dos grandes felinos que não podem viver em seu habitat. Ainda, segundo a Promotora, contribui para conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação das matas, dos animais e do equilíbrio existente na cadeia alimentar cujo topo é ocupado pelos felinos. Destacou que o desequilíbrio na cadeia alimentar pode trazer sérios prejuízos para o homem e citou como exemplo a proliferação do rato silvestre que transmite a hantavirose. “O maior problema é o desmatamento, que tira o alimento do animal e gera o conflito com o homem”, alertou. “Não temos sabido partilhar o planeta com os demais seres. Por ignorância, egoísmo e ganância, temos desrespeitado o direito que os demais seres têm de viver neste planeta que abriga a todos nós. Não temos sido bons vizinhos, nem atentado para o fato de que vivemos todos de forma interligada e que a destruição da natureza atinge a todos, indistintamente”.
A Ong tem um endereço eletrônico (www.nex.org.br), em que os interessados podem comprar a camiseta do projeto e fazer doações para a instituição.
Histórias de bicho
Suçuaranas
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Pacato veio de um zoológico onde viveu por cinco anos em uma jaula de 2mx1m, esperando uma vaga no recinto de visitação.
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Xuxo entrou no refúgio como fêmea (Xuxa) e foi criado como animal de estimação. Comia carne cozida, tomava banho com shampoo e era solto à noite para fazer a segurança do dono.
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Shariel foi encontrada às margens de uma rodovia por um fazendeiro, que a levou ao abrigo.
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Potira foi encontrada com cinco meses no Rio Amazonas boiando em cima de um troco. Foi feita uma pesquisa em todo Brasil para achar um abrigo para o animal e único com vaga era a NEX.
Onças Pintadas
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Sansão, Dalila e Carlota vieram do Zoológico de Brasília por falta de espaço. A mãe morreu durante o parto. Sem ter sido alimentados com leite materno, os animais apresentam deficiência de cálcio e tiveram microfaturas quando eram mais jovens, apesar do tratamento especial recebido.
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Gavião não tem as garras e apresenta sinais de ter sido tratado como animal de estimação. Adora brincar de pique-pega.
Jaguatirica
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Beca veio de Formosa (GO) e participou do filme Tainá como filha da onça.