O bloco Galinho de Brasília foi o tema do encontro realizado no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), na tarde da última quarta-feira. A reunião buscou alternativas para a realização do evento carnavalesco nas quadras 203 e 204 sul. No último carnaval, após a saída do bloco, policiais e foliões entraram em conflito. Além do Promotor Paulo José Leite, da 4ª Promotoria de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), participaram da reunião moradores, representantes do Bloco, da Administração de Brasília, da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Segurança.

Moradores da Asa Sul procuraram o Ministério Público alegando que, embora reconheçam o valor cultural do bloco, os problemas enfrentados nos últimos carnavais precisam de uma solução pensada com antecedência. Eles afirmam que o Galinho cresceu e a estrutura do local onde acontece a concentração não é suficiente para atender à demanda. Eles pedem que o bloco seja transferido para outro local.

O presidente do Galinho, Romildo de Carvalho, também pede melhorias, mas defende que a concentração para a saída do bloco seja feita no mesmo local dos últimos 18 anos, entre as 15h e as 20h, com intensa fiscalização dos poderes públicos.

O presidente da Liga das Escola de Samba do Distrito Federal, Jean de Sousa, acredita que a quadra precisaria receber uma estrutura adequada para evitar cenas como a do último carnaval. De acordo com o representante das escolas, o controle de ambulantes, a instalação de banheiros químicos e o policiamento ostensivo evitariam os transtornos ocorridos.
A administradora de Brasília, Ivelise Longhi, ressaltou a importância cultural do bloco  para o carnaval da cidade e o necessário respeito aos moradores na concessão do alvará para a atividade carnavalesca. Segundo ela, a Administração também procura a melhor solução para as duas partes: moradores e foliões.

O representante da Secretária de Segurança, Coronel Guimarães, afirmou que a Secretaria trabalha em função das características do evento e que, para pronunciar-se, precisa de detalhamento maior do evento. Destacou, ainda, a necessidade de concordância dos moradores para a realização de eventos nas quadras.

A Secretaria de Cultura propôs que a concentração ocorra no Eixo Rodoviário, na altura da 203 sul, e siga para o Gran Circular, próximo à rodoviária do Plano Piloto. Os moradores da quadra aceitaram essa proposta. No entanto, para o presidente do Galinho, a mudança de local de concentração (da comercial da quadra para o Eixão) traria problemas para a acústica do evento, pois os foliões usam instrumentos de sopro e percussão, que necessitariam de barreiras.

O Promotor de Justiça Paulo José Leite afirmou que “o Ministério Público buscará uma solução para o problema que respeite e harmonize o direito dos moradores e dos foliões”. Segundo ele, o crescimento do bloco é uma realidade e o MPDFT não quer que incidentes como os do último carnaval repitam-se. O Promotor de Justiça explicou que o Ministério Público analisará os argumentos apresentados e expedirá Recomendação ainda neste mês para nortear a atuação dos órgãos públicos na realização do evento.