O Procurador de Justiça aposentado Temístocles de Mendonça Castro lança hoje, a partir das 19h, sua obra Lia e sua gente, no Ágora - Espaço Cultural, localizado no Edifício Sede do MPDFT, Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2.
"Fui lá mais uma vez. Lá, que pequena e perversa palavra a abrigar tão distantes longes. Lá é sempre um lugar donde não queríamos ter saído. Um lacrimoso sorriso amarelo sempre acompanha o perverso lá. Ir lá é um pequeno alívio no amargo cá. Bem, voltei aos veros Centrais para o casamento de Leão, segundas núpcias, era viúvo e o que vi?", T. M. Castro.
Sinopse
"Nem romance, nem novela, nem conto; tampouco há trama, enredo, uma história que eventuais leitores extraiam do texto; simples narrativa: é bastante", assim se refere T.M. Castro ao que ele chama de simples narrativa, Lia e sua gente. Não sei se há aí a pretensão inconfessa de todo autor, a partir de Flaubert, de produzir uma narrativa sem história ou que disso tenha o mínimo possível - a narrativa - protótipo, ideal. Certo é que ao ler o texto concluí que, de fato, cada leitor extrairá da narrativa essa ou aquela versão, podendo mesmo ser díspares e particulares tais "enredos". Nisso há indisfarçável objetivo do autor, tanto que conclama "vocês" e não o comum "amigo leitor", para extraírem suas histórias. A mim parece tratar-se de uma saga, tantos são os incidentes que nele se alojam. Por isso me abstenho de abordar o (s) tema (s) ou assunto (s) tratado (s) na narrativa, até mesmo porque não saberia dizer com precisão do drama exposto pelo poeta. De mais a mais, é voz corrente entre os críticos que cada leitura é uma reescrita, não sendo, portanto, de bom tom que haja por parte de quem quer que seja sugestões sobre enredo ou "plot" de qualquer narrativa. Diria, no entanto, que o texto bem se insere na tradição literária latino-americana de abordar tema constante da grande narrativa (narrativa-mestra) da história humanista ocidental, lançando mãos com inigualável maestria de técnicas incomuns, a exemplo da atemporalidade e das imprecisões quanto aos sítios e locais onde os fatos acontecem: eles já aconteceram no passado, estão se repetindo no presente e são aguardados em algum futuro. O texto não regateia a abordagem ao fantástico, bem próprio do barroco latino-americano. No entanto, há nesse item uma invocação à plausibilidade, o que poupa o leitor de fazer silenciosas concessões, tipo "isso é demais, bem vamos acreditar". Há no autor a preocupação de tornar os eventos realmente possíveis - literatura de ficção é mesmo incursão nas possibilidades do acontecer humano. Por essa e outras nuances a narrativa se distancia do paradigma estético tradicional, sem incorrer no enjoativo discurso pretensamente característico da metalinguagem, tão invocado, à náusea, pelos que se carimbam de pós-modernos. Não, o autor não quebra em momento algum o fluxo ficcional que arrebata os leitores, nem mesmo quando os exorta a crer na verdade dele. Por isso o texto é bom de ler, é envolvente e cumpre a missão da escrita literária: é divertido. A partir daí perde sentido qualquer especulação sobre ser o texto dessa ou daquela corrente, moderno, pós-moderno, neobarroco, historiográfico, etc. É apenas um livro que conta uma história, ou umas, ou nenhumas".
Adelaide G. é natural de São Paulo, onde se formou em Letras e se especializou em Literatura Latino-Americana. Radicou-se no Planalto Central (Olhos d'Água, Goiás). É artesã e escreveu a sinopse do livro.