Nesta terça-feira, dia 18, a Promotoria de Justiça de Brazlândia recebeu 30 homens envolvidos em violência doméstica para a primeira reunião de 2014 do projeto “Tardes de Reflexão”. Durante o encontro, eles foram convidados a refletir sobre o crime cometido. Na próxima semana, dia 25, será a vez das mulheres vítimas de violência participarem do encontro.

Coordenada por profissionais da área de Psicologia, Serviço Social, Direito, Antropologia e Sociologia, a reunião foi dividida em dois momentos. O primeiro, segundo a psicóloga Luísa Lara, visava a responsabilização e a educação dos autores de violência doméstica contra mulheres. O vídeo “Amor” – que aborda casos de agressores e vítimas de violência doméstica – foi exibido a fim de instigar os participantes à reflexão e ao debate. A segunda parte teve como objetivo prestar esclarecimentos sobre os aspectos legais da Lei Maria da Penha e tirar dúvidas sobre medidas protetivas e cautelares e prisão preventiva.

Também foi distribuída a cartilha “Tardes de Reflexão”, lançada em junho de 2013 pela Promotoria de Justiça de Santa Maria. O material serviu de auxílio para o atendimento realizado no encontro, uma vez que aborda questões de gênero, cidadania e educação.

Relatos

Muitos homens envolvidos com violência doméstica reconheceram não ter conhecimento sobre vários aspectos da Lei Maria da Penha. Foi o caso de Carlos*. Para ele, a violência estava restrita à agressão física. “Eles explicaram que existem vários tipos de violência: a psicológica, a verbal, a sexual e a econômica. Todas elas se enquadram na Lei Maria da Penha”, explicou.

Para Sávio* a reunião foi produtiva. “Pude reconhecer erros que cometi e para eu mudar o primeiro passo foi reconhecer esses erros. Nós homens agimos muito por impulso, sei que chegarei em casa e pensarei duas vezes antes de fazer ou dizer algo”, contou.

O projeto

Em Brazlândia, o projeto “Tardes de Reflexão” existe desde 2009. A cada ano são realizados dez encontros – cinco para vítimas e cinco para autores –, onde são apresentados vídeos sobre a violência doméstica, com dados históricos e estatísticos. Ao final, há debates e os participantes respondem a uma enquete sobre o tema e a atuação da Justiça.

O convite para participar do projeto é encaminhado com base em ocorrências policiais enviadas ao MPDFT. Além de Brazlândia, o projeto é desenvolvido em Santa Maria, Samambaia e Sobradinho. Nesta edição, integrantes da Promotoria de Justiça de Taguatinga acompanharam a reunião com o objetivo de implementar o projeto na cidade.

* Nome fictício