Doze mil detentos do sistema penitenciário local poderão participar com poemas, cartas e contos

Foi lançado, na tarde desta quinta-feira, dia 27, o 2º Concurso de Literatura da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap/DF). O promotor de Justiça Marcel Marques representou o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e proferiu palestra sobre o perfil das vítimas de violência no Brasil. Também participaram do evento representantes do Judiciário, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Executivo e do Legislativo locais.

Em sua exposição, o promotor apresentou dados estatísticos sobre as vítimas de violência no Brasil. O perfil predominante: homens (93%), entre 15 e 24 anos (53%), negros (71%) e que vivem nas periferias de grandes cidades. Os números são confirmados pela diferença entre a taxa de homicídios da população em geral em 2011 (27 por 100 mil pessoas) e da população jovem (53 por 100 mil pessoas). 

Violência contra mulheres

De acordo com o promotor de Justiça, nas últimas décadas, a violência contra as mulheres aumentou de forma perceptível: entre 1980 e 2010, houve crescimento de 239%. A demora na comunicação dos casos ao poder público e a pouca colaboração das vítimas são fatores que dificultam o combate a essa forma específica de violência.

Entre as ações do Estado que tentam modificar esses números, destacam-se iniciativas do MPDFT, como a edição da cartilha “Orientação às Vítimas e Testemunhas”, a criação do Núcleo de Gênero Pró-Mulher e de novas promotorias especializadas.

O concurso

O concurso literário é uma iniciativa da Funap/DF em conjunto com as Secretarias de Educação e de Segurança Pública. O tema deste ano é “Sou Vítima da Violência e/ou Causador de Vítimas” e pretende promover uma reflexão por parte dos internos sobre os diversos tipos de vítimas e sobre a sua própria condição. Segundo o promotor, “colocar em discussão um tema complexo como este demanda a participação de vários órgãos públicos, como hoje foi feito. O diálogo certamente cooperará para o processo de ressocialização do preso."

Serão aceitos trabalhos nas categorias poema, carta e conto. Os textos selecionados serão publicados em formato de livro no segundo semestre de 2014. Aproximadamente 12 mil pessoas privadas de liberdade poderão participar.