Famílias eram levadas a contratar serviços funerários prestados pelas organizações criminosas
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou, na última quarta-feira, 8 de novembro, 12 pessoas suspeitas de envolvimento na chamada “máfia das funerárias”. O esquema foi descoberto pela Operação Caronte, deflagrada pelo Núcleo de Controle Externo da Atividade Polícial (Ncap), pela Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários da Saúde (Pró-Vida) e pela 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus), com apoio da Corregedoria da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
Todos os suspeitos foram denunciados por crime de organização criminosa. Alguns deles também foram denunciados por crime de falsa identidade, utilização ilegal de telecomunicações, crime contra as relações de consumo, corrupção ativa e corrupção passiva. Trata-se de dois grupos distintos que atuavam de forma semelhante.
O esquema
Os suspeitos atuavam no ramo funerário, realizando serviços como sepultamento, embalsamento, cremação e traslado de corpos. Para conquistar novos contratos, captavam ilegalmente a frequência dos rádios da PCDF em busca de informações sobre mortes aparentemente naturais. Eles então ligavam para os familiares da vítima para assediá-los. Nesses contatos, passavam-se por servidores do Instituto de Medicina Legal (IML) e, de forma enganosa, afirmavam que a pessoa recém-falecida seria submetida a procedimento de necropsia.
Em outros casos, após anotar as informações interceptadas ilegalmente, os acusados, também simulando serem servidores do IML, ligavam para os familiares informando que haveria uma equipe da “assistência funerária de plantão” que se deslocaria para o local junto com a equipe do IML. Eles levavam as vítimas a acreditar que o serviço privado que pretendiam forçar a família a aceitar tivesse caráter público ou algum tipo de vínculo com o Estado. O preço, que muitas vezes só era tratado no local, dependia da condição financeira do falecido e dos familiares.
Uma das organizações contava com a colaboração de dois funcionários do Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Eles repassavam informações sobre óbitos ocorridos ou na iminência de ocorrer para que outros integrantes do grupo assediassem as famílias ainda no hospital.
Processos
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