Em comum, eles partilhavam o sonho de superar as dificuldades, aprender a ler e escrever. O orador da turma, Guilherme Chaves, falou sobre superação, ao ler um poema que traz o mesmo título. Com voz firme e português correto, ele agradeceu aos professores e idealizadores do projeto e destacou as dificuldades para conclusão do curso que teve a duração de oito meses.
Outra aluna, Rosineide Gomes dos Santos, também falou das dificuldades para concluir os estudos: “Tive dor de cabeça no começo e vontade de desistir, mas valeu a pena”. Rosineide tem 43 anos e três filhos. Segundo ela, o projeto lhe permitiu voltar a sonhar. “Vou me matricular em um curso noturno para terminar o ensino médio e depois fazer faculdade de biologia”, planeja.
A promotora de Justiça, Márcia Pereira da Rocha, responsável pelo projeto no MPDFT, levou uma mensagem de encorajamento e citou o poema O Valor das Coisas, de Fernando Pessoa, para destacar que sempre é tempo de aprender. Para ela, os formandos aproveitaram uma oportunidade de alfabetização que não foi possível durante a juventude. “Agora vocês serão um bom exemplo para amigos, família e vizinhos que sonham em voltar a estudar”, disse.
O procurador-geral de Justiça, Leonardo Bessa, destacou que o projeto Vivendo e Aprendendo é um dos mais importantes do MPDFT. “Vocês abriram uma porta que mudará a vida de vocês. Ler é ver o mundo de forma colorida. Prossigam nessa jornada, que é longa, nobre e bonita”, disse. Na mesma linha, o promotor de Justiça Irenio da Silva Moreira Filho, que iniciou o projeto em Ceilândia, falou sobre resiliência e capacidade de seguir adiante, não obstante as dificuldades.
Prestigiaram também a cerimônia a diretora do Fórum de Ceilândia, juíza Cynthia Silveira Carvalho; o coordenador Regional de Ensino de Ceilândia, Marco Antonio de Souza, que representou o secretário de Educação do DF, Júlio Gregório Filho; e a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos de Ceilândia, Flávia Luiz, que representou a chefe da Unidade Regional de Educação Básica de Ceilândia, Simone de Almeida Alves de Souza.
Sobre o projeto Vivendo e Aprendendo
Idealizado pela Promotoria de Justiça de Defesa da Educação, o projeto foi iniciado em 2014, com o objetivo de devolver aos terceirizados analfabetos ou semianalfabetos do MPDFT e TJDFT a cidadania ao proporcionar o aprendizado da leitura e da escrita. Essa é a terceira tudo do projeto. As duas primeiras foram oferecidas na sede do MPDFT. Ceilândia é primeira promotoria descentralizada a oferecer o curso.
O projeto é oferecido em parceria com a Secretaria de Educação do DF. Eles facilitaram o acesso à metodologia e a contratação de instrutor. Em 2014, o Vivendo e Aprendendo, foi finalista na categoria Comunicação e Relacionamento no 5º Congresso Brasileiro de Gestão do Ministério Público.
Em Brasília, seriam 2,5% da população. No DF, 60 mil moradores do DF não sabem ler nem escrever. Segundo a PNAD 2017, mais de 20% da população não concluiu o ensino fundamental. Entre a população totalmente analfabeta, as mulheres estão entre a maioria, sendo 31,6 mil. Os homens somam quase 29 mil.
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