Fragilidade do sistema permitia cadastrar empresas fictícias, criar créditos sem lastro e descarregar cartões de forma sequencial sem que os passageiros fossem transportados
“Vamos seguir o caminho do dinheiro e tentar recuperá-lo. Os valores passam de centenas de milhões”, disse a promotora de Justiça de Defesa do Patrimônio Público Lenna Daher durante coletiva de imprensa da Operação Trickster, nesta quinta-feira, 15 de março. Além do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), da Polícia Civil e da Controladoria do DF, a operação contou com o apoio da Polícia Federal para o cumprimento dos mandados de prisão e busca e apreensão em outras unidades da Federação.
No total, foram presas 34 pessoas e cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Além do DF, as diligências foram realizadas em Goiás, na Paraíba e em Pernambuco. As suspeitas começaram com a descoberta de descarregamentos de cartões e uso em linhas diferentes num curto espaço de tempo. Um deles chegou a ser utilizado 60 vezes, o que daria um intervalo de oito segundos entre as viagens. Os detidos são acusados de peculato eletrônico, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Esquema
As novas investigações apontam que o sistema de bilhetagem do DF pode ter sido alvo de fraude desde a sua criação. O trabalho atual é um desdobramento da Operação Checklist, deflagrada em setembro de 2017, que apurou a cobrança e o recebimento de valores por parte de servidores públicos lotados na Secretaria de Mobilidade (Semob) para aprovar a vistoria de veículos de transporte coletivo rural irregulares ou com defeito.
Com o avanço da operação, ficou evidente que o auditor da Semob Pedro Jorge Brasil seria o líder do esquema. Ele utilizava-se do cargo para vincular falsos funcionários ao recebimento de vale-transporte. Outros servidores do DFtrans o ajudavam a alimentar o sistema com as informações. O auditor foi preso pela segunda vez, pois já tinha sido alvo da Operação Checklist. Mesmo fora da secretaria, ele continuava usando a senha para operar o sistema.
A promotora de Justiça Lenna Daher reforçou que há uma organização criminosa agindo no transporte público do DF. “Esse grupo descobriu uma mina de ouro. Independentemente do valor da fraude, o sistema custeava”, enfatizou. Além da responsabilização criminal, ela reforçou que o Ministério Público vai adotar as medidas cíveis e administrativas para estancar os desvios.
De acordo com o delegado-chefe da Coordenação de Repressão a Crimes Contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf), Wislley Salomão, o sistema do DFTrans tinha algumas inconsistências que possibilitaram as fraudes. Ele ressaltou que essa é a primeira fase da operação, mas as investigações continuam para averiguar outras condutas ilícitas.
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