Evento reuniu representantes dos principais veículos de comunicação no Distrito Federal
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios reuniu, nesta quinta-feira, 5 de março, promotores, procuradores de Justiça, servidores, jornalistas, pesquisadores e estudantes para debater o papel da imprensa na prevenção à violência de gênero. Para o debate, foram convidados representantes dos principais veículos de comunicação e do Sindicato dos Jornalistas.
O encontro celebrou o Dia Internacional da Mulher e propiciou discussões sobre a cobertura do tema na imprensa local. Também foram abordados aspectos relacionados à atuação do Ministério Público e às principais questões socioculturais que envolvem a violência de gênero. “A comunicação pode ser uma grande aliada no enfrentamento desse problema. A informação é uma ferramenta que pode modificar relações marcadas por profundas desigualdades e, por isso, propícias à violência”, destacou a vice-procuradora-geral de Justiça, Selma Sauerbronn.
O promotor de Justiça Raoni Parreira, do Núcleo de Defesa da Vida, comparou a resposta do sistema de Justiça em dois casos de assassinato de mulheres, antes e depois da edição da Lei do Feminicídio. Para ele, a visibilidade dada ao assunto pela imprensa fortalece a luta contra a prática deste crime. Da promulgação da lei, em março de 2015, até dezembro de 2019, 68 feminicídios consumados foram denunciados pelo MPDFT. Em 39 dos 40 dos processos julgados, os réus foram condenados com penas de 21 anos, em média.
Já o Núcleo de Gênero do MPDFT apresentou suas ações relacionadas à prevenção da violência de gênero, como capacitações, pesquisas científicas, dentre elas a pesquisa sobre a situação atual dos principais serviços voltados ao enfrentamento da violência contra a mulher no Distrito Federal. O estudo faz parte do projeto “Ministério Público como agente de fomento e monitoramento da política pública de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher”. A iniciativa tem como objetivo caracterizar os equipamentos de enfrentamento a essa forma de violência, reconhecer experiências exitosas, firmar parcerias e fortalecer políticas públicas nessa área. Em agosto do último ano, o Núcleo expediu recomendação à Secretaria da Mulher do DF para que fosse providenciada com urgência a recomposição do quadro de servidores dos Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica (Nafavds).
Durante palestra sobre a responsabilidade da imprensa no enfrentamento e na prevenção à violência de gênero, as professoras da Universidade de Brasília (UnB) Lourdes Maria Bandeira e Ana Paula Antunes Martins destacaram que é preciso evitar o estereótipo de gênero e manter compromisso ético ao abordar midiaticamente qualquer agressão contra mulheres.
Participaram do debate as jornalistas Lilian Tahan, diretora do Portal Metrópoles; Ana Maria Campos, editora de política do DF no Correio Braziliense; Mariana Londres, editora-executiva do R7/DF na TV Record; Morena Pinheiro, coordenadora de produção local da TV Globo; Isa Stacciarini, repórter da CBN; Juliana Cézar Nunes, diretora do Sindicato dos Jornalistas do DF; e Mara Régia, criadora do programa Viva Maria da Rádio Nacional. Elas destacaram experiências na cobertura de casos emblemáticos e levantaram desafios que surgem ao abordar o assunto.
Alunos de jornalismo do Uniceub acompanharam a discussão. Maria Clara de Andrade, que está no 5º semestre, explica que participar do evento permitiu que ela tivesse contato com questões ainda não abordadas na faculdade. Já para a estudante Gabriela Gallo, a discussão foi importante não só no aspecto da cobertura jornalística, mas também para a reflexão sobre a própria violência sofrida por mulheres em variados ambientes e funções.
O evento teve o apoio da Faculdade de Comunicação do Uniceub, que liberou algumas turmas para acompanhar as discussões. Também contou com a participação dos promotores de Justiça Thiago Pierobom, como mediador, Liz-Elainne de Silvério, Mariana Nunes, Amom Pires e Marcelo Leite, além do procurador de Justiça, Ezequiel Neto. As servidoras Thais Quesado e Frabrícia da Hora, do Núcleo de Gênero, também fizeram apresentações sobre a temática.
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