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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Em 1994, um duplo homicídio repercutiu nos EUA, não tanto pela barbaridade do ato em si, mas porque o suspeito era O. J. Simpson, figura legendária dos esportes, admirado pelo grande público. No Brasil, estaria no nível de um Zico ou um Ayrton Senna.

Levado a júri popular, cuja atenção da imprensa mundial era gigantesca, Simpson acabou absolvido. As investigações policiais, na verdade, foram boas e até fáceis. Havia fartas provas contra ele e, detalhe interessante, contra ninguém mais. Nunca apareceu um segundo suspeito, embora pessoas tenha se entregado, confessando crime que não cometeram (o que não é raro em casos rumorosos como, por ex., o do assassinato do político sueco Olof Palme, em 1986). O problema foram erros graves cometidos ao longo do processo, como esmiúça Vincent Bugliosi em livro dedicado ao assunto.

Mas o que talvez mais tenha chamado a atenção foi a prisão de Simpson. Ele tinha dia, hora e local (17.6.94, às 11 A.M., Polícia de Los Angeles) para se apresentar. Não apareceu. A polícia, então, saiu à sua procura e o localizou - mas não o prendeu. Em um lance com requintes de surrealismo, deixou que ficasse em seu carro (um amigo o dirigia e ele estava de passageiro), sendo conduzido lentamente por rodovias do estado da Califórnia. Não era perseguição, não havia tentativa de fuga. Várias viaturas apenas acompanhavam o carro, e nenhuma ousou interceptar seu trajeto. A cena era filmada e transmitida ao vivo (tudo pode ser visto no canal de internet YouTube), competindo em audiência com a final do Super Bowl, o maior evento esportivo do país. Pessoas apareciam em pontilhões, com faixas de apoio, acenando; algumas invadiram a pista para tentar tocar no carro de Simpson, que se entregou quando e onde quis. Na cadeia, recebeu mais de 350.000 cartas.

Jornal de Brasília - 30/5/2018

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