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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Não morro de amores por Jair Bolsonaro, pessoa que nunca vi e a quem nada devo. Mas sua entrevista no programa de TV Roda Viva mais pareceu um giro em um trem fantasma. A qualidade das perguntas dos jornalistas foi paupérrima. Eram, isso sim, cascas de banana jogadas por pessoas que claramente antipatizavam com o entrevistado e queriam destruí-lo.

Não que os jornalistas não devam atacar candidatos. Devem. O político não pode ser objeto de adoração. Esse frenesi em torno do “Bolsomito” não passa de um disparate perigoso. Neste ponto – neste ponto apenas – a comparação com Hitler é inevitável. Antes da guerra, multidões se dirigiam ao refúgio alpino de Hitler, em Obersalzberg, tentando vê-lo de longe ou tocar em sua mão (um vizinho reclamou e acabou parando num campo de concentração).

E a vitória (extremamente improvável pelas fortificações da Linha Maginot e pela considerável inferioridade bélica) sobre a França, em 1940? Na volta de Paris, onde o Führer aproveitou para fazer um passeio delicioso (tirou fotos da torre Eiffel no Trocadero e visitou os Invalides e a Opéra), foi recebido por uma Berlim em clima de histeria coletiva. Ruas apinhadas, gente subindo em postes, jogando flores, agitando incontáveis bandeiras com a cruz gamada. Se morresse ali, seria lembrado até hoje como um grande gênio militar.

O nível do debate político no Brasil é tão baixo que mal dá para dizer que realmente exista um debate. Jornalistas que nem desconfiam que a arte de acusar reclama amor à verdade como pré-requisito inevitavelmente fazem perguntas erradas ou do jeito errado.

Por fim: daremos um imenso passo em direção à maturidade política se as promessas de campanha tiverem validade jurídica. Quem descumpri-las gravemente será demitido não pelo Parlamento, mas pela Justiça Eleitoral.

Jornal de Brasília - 5/9/2018

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