Davi Mendonça Normandes
Servidor do MPDFT
"Metástase institucional" foi o termo utilizado pelo então procurador-geral da República Roberto Gurgel no pedido frustrado de intervenção federal no Distrito Federal para explicitar a profundidade e o alcance da corrupção nas instituições locais. Ele apresenta-se atualmente de fácil compreensão devido aos inúmeros exemplos de corrupção sistêmica experimentada no país. O termo metástase se popularizou de tal maneira nos discursos, peças e periódicos referentes à corrupção que a terminologia oncológica parece ter ficado em segundo plano.
O problema holístico e sociocultural da corrupção acaba acionando questionamentos sobre o funcionamento democrático. A complexa corrida das funções estatais frente às demandas atuais da sociedade colocam invariavelmente a democracia em xeque. A clássica conceituação de democracia plena sofre demais na dinâmica dos Estados modernos.
No Brasil e no mundo, diversos especialistas, revistas e instituições, por intermédio de metodologias criteriosas, tentam mensurar os índices democráticos dos países, apresentando peculiaridades de nuances nas diversas democracias. Com colocação mediana em vários rankings, a democracia brasileira é considerada imperfeita. Alguns estudiosos aventam que a metástase não se instalaria num corpo democrático saudável, que esse mal é proveniente de outros corpos como a plutocracia e a cleptocracia.
Muitas são as interpretações, teorias e abstrações sobre o tema, análise para a arguta ciência política. A variedade de explanações sobre a democracia sempre me faz lembrar o episódio dos refrescos do icônico seriado Chaves, criado pelo memorável Roberto Bolãnos: "O refresco parece de limão, é de groselha, mas tem gosto de tamarindo".
Jornal de Brasília - 23/1/2019
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