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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O que os alunos vão fazer na escola é uma pergunta desconcertante que eles podem fazer a seus pais e professores. Na verdade, esta é a questão mais importante de toda a experiência estudantil e os adultos devem estar preparados para dar uma resposta boa e que se renova a cada dia. 

Contestar apenas 'aprender' não basta. Não está errado, mas incompleto, porque existe muito aprendizado fora dos muros colegiais, assim como se aprende ali dentro tanta coisa que não presta. Talvez o jovem até aprenda mais o que não deve do que o que deve. 

É raro que algum curta ir para o colégio, exceto, talvez, para atividades extracurriculares como esportes e música, ou por motivos subjetivos, ou seja, namoro ou turminhas. Instituições privadas caras são, em parte, desperdício de tempo e de dinheiro, e seus matriculados sair-se-ão bem no fronte pré-vestibular, não necessariamente por serem excelentes, mas por serem menos ruins que os de estabelecimentos baratos ou da rede pública. 

Ninguém aprende aquilo que não lhe desperta interesse ou, ao menos, alguma curiosidade. 

Diretores e mestres precisam estimular isso nos alunos, na base, em vez de vomitar equações, sintaxe, sistema solar e mitocôndrias, como se já estivesse axiomaticamente pressuposto que isso é bom para a formação intelectual deles. O resto fica por conta do terror das provas. 

Pois a resposta do gabarito é: ao estudar biologia, química, geografia, história, aritmética etc, o aluno está se olhando no espelho, ou seja, conhecendo-se a si próprio e aprimorando suas capacidades mentais. 

Ele também é um produto da natureza. Ele também está inserido no espaço e no tempo. Ele tem como se superar pela via do raciocínio abstrato e se desligar do mundo imediato, do mundo vulgar, do mundo dos instintos, do mundo estritamente animal.

Jornal de Brasília - 8/3/2019

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