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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Um uso mais sofisticado do VAR no futebol se dá em lance de impedimento, não apenas para decifrar se o atacante estava adiantado, mas também para determinar se ele participou da jogada. Talvez até estivesse impedido (primeiro ponto) mas pode ou não ter tido algo a ver com a conclusão em si, ou seja, com o gol (segundo ponto). Esse é um momento de complexa definição para a arbitragem e que coloca em cheque o apelo do futebol como esporte de massa, aliás o mais popular de todos. Quanto mais complicação de regras e interrupções da partida, menos atraente o jogo fica.

O VAR veio para purgar possíveis erros de arbitragens, especialmente em lances rápidos e difíceis, mas muitas vezes o resultado é o oposto, pois gera mais erros e confusões. Por exemplo, um pênalti claro e não marcado em cima do atleta do Flamengo Gabriel Barbosa, conhecido como “Gabigol”, contra o Fluminense, no dia 20 de outubro passado.

Com o recurso da tecnologia, podendo revisar a jogada ad nauseam e trocar ideias com auxiliares, ainda assim a possibilidade de erro persiste. Diminui, é claro, mas não desaparece. Isso mostra que a compreensão das coisas da vida é uma mistura nem sempre separável de fatos e de juízos de valor. E mais: nem sempre é objetivamente viável se afirmar que um juízo de fato é um juízo de fato mesmo ou de valor.

Como naquele raciocínio famoso, afirmar que “a ponte caiu” é uma síntese interpretativa, porque o que se vê, em sentido estrito, são pedras amontoadas, barras de ferro, pedaços de maneira etc. Ernst Cassirer apontava para uma certa “energia autônoma do espírito”, que não traduz passivamente um fenômeno, mas explica que “toda autêntica função do espírito humano partilha com o conhecimento a propriedade fundamental de abrigar uma força primeva formadora, e não apenas reprodutora”. Hamum vorat. A vida não tem VAR.

Jornal de Brasília - 13/11/2019

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