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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

E se o Brasil fosse governado por um homem culto, muito culto, o próprio rei sábio? Um homem extremamente estudioso, que lia sobre tudo e em diversas línguas. Não apenas inglês, francês e espanhol, o que já não é pouco. Estamos falando de gramática hieroglífica, grego, sânscrito, hebraico (o antigo, não o moderno, para conhecer a Bíblia no original), árabe (em seus diários, há uma série de observações herméticas sobre fonética e tradução desse idioma). Um homem que é convidado a fazer palestras científicas, por exemplo, sobre arqueologia em Alexandria. Ao mesmo tempo, aberto a inovações tecnológicas. Foi ele o responsável pela divulgação do telefone, numa história pitoresca ocorrida na Exposição Centenária da Filadélfia.

Certo, ser muito culto não significa ser um bom governante. Pois esse mesmo homem era também honesto, sem interesse em extrair o máximo de proveito das benesses do poder. Ao contrário. Em quase 50 anos de governo, a dotação orçamentária para suas despesas caiu de 3% para 0,5%, sem que ele jamais pedisse ou autorizasse qualquer aumento. Sua renda era aplicada em doações para orfanatos, entidades beneficentes, artísticas e intelectuais. Ele até fez doações ao próprio governo, por ocasião da guerra. Cortou despesas públicas inúteis (que considerava “furto da nação”). Fez três grandes viagens que, juntas, duraram mais de três anos e meio; para tanto, fez empréstimos pessoais com juros de mercado.

Era incapaz de levar uma vida de luxo. Os visitantes ficavam era decepcionados com a modéstia do palácio onde vivia (onde qualquer um poderia entrar e conversar com ele sem a menor dificuldade) e com as recepções, rápidas e frugais. Não apreciava bailes.

Nós já tivemos um governante assim. O que fizemos foi enxotá-lo. No exílio, a propósito, recusou ajuda de custo. Morreu sem pagar todas as suas dívidas.

Jornal de Brasília - 20/11/2019

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