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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O homem mais alto do mundo é alto? É, né? Claro, que pergunta estapafúrdia. Fuçando na internet, descubro que existe um turco de quase 2.5 metros de altura. Até os jogadores de vôlei e de basquete o reverenciariam como um sujeito alto. Ou melhor, altíssimo, superlativamente alto (vou evitar os predicados “anormal”, “monstruoso” e até “gigantesco”, que talvez passem uma ideia que transcenda desagradavelmente a algo que possa ser medido com uma fita métrica).

Respostas do tipo “porque sim” são chamadas “axiomas” ou “postulados”. O turco em questão é alto “porque sim”; isso é tão claro que não é necessário argumentar, fazendo comparações ou apresentando números e estatísticas. Ele é axiomaticamente alto e ponto final.

Boa parte das discussões, filosóficas, semifilosóficas ou vulgares, giram em torno de duas questões preliminares. A primeira é fixar se um axioma é um axioma mesmo ou se é questionável (e até que ponto) sua premissa. Chama-se “petição de princípio” o truque de assumir como verdadeiro um fato que se pretende provar, tratando como postulado justamente o objeto do debate. O segundo ponto é terminológico, pois talvez os interlocutores estejam de acordo em substância mas se percam no manejo do vocabulário (e vice-versa). Por isso é importante o domínio do vernáculo e, quando o caso, do jargão técnico. Sujeito pode morrer ao se engasgar em uma interpretação errônea de um cenário da vida ou na tentativa de traduzi-lo em palavras.

A linha que separa um juízo de fato e outro de valor muitas vezes não tem a espessura de um fio de náilon. Nem é uma linha, e sim uma faixa, uma faixa larga e escura. Pode até ser um pântano de areia movediça. Nem que viesse uma lei que determinasse que a partir de 1.85 m. os homens devessem ser considerados “altos”, o problema se resolveria. A lei ficaria boiando sobre o pântano.

Jornal de Brasília - 27/11/2019

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