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Davi Mendonça Normandes
Servidor do MPDFT

O primeiro ano do mandatário do Poder Executivo destina-se naturalmente à revisão geral da situação do ente federativo que seu grupo político irá gerir nos próximos quatro anos. No grupo vencedor, ainda sob a adrenalina do processo eleitoral, observa-se vigor obstinado em apagar os vestígios que caracterizam a gestão anterior, implementando grandes e pequenas ações que alteram a superfície da máquina pública.


Para iniciar a cíclica tarefa democrática, surge, forjado na aliança partidária, o temido e adorado “decretão” (exonerações e nomeações em massa). Depois, novo aparato publicitário, novas logos, cores e mensagens institucionais de impacto. Posteriormente, as controversas fusões, extinções de cargos e órgãos, trazendo à luz novo siglário governamental. Nesse cenário de abruptas mudanças, os projetos e programas efetivos não sofrem a inércia do novo.
Alguns dirigentes, altamente motivados pela vitória nas urnas, presumem pretensiosamente que somente com seu grupo a administração pública contempla as diretrizes da eficiência e anseiam pela mudança cultural no serviço público a curto prazo. Subestimando a complexa tarefa, utilizam artifícios de retórica e, muitas vezes, a golpes decorativos, refazem os ambientes de trabalho na atabalhoada missão de ser o representante do novo, o paladino da eficácia. Apagando os traços da gestão anterior, é possível começar definitivamente o governo.
Essa prática essencialmente democrática necessita ser reavaliada. Mais próspero ao país seria, na inevitável transição governamental, o aproveitamento real e integrado das melhores práticas da gestão anterior. Para tanto, faz-se necessário transcender as grossas barreiras do incoerente imediatismo gerencial que eleva governos provisórios acima do progresso nacional.

Jornal de Brasília - 25/3/2020

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