Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça
No dia 9.8.1969, um grupo de celerados conhecido como “Família Manson” matou cinco pessoas em uma residência em Los Angeles, EUA. Os homicídios foram cometidos por motivos estapafúrdios, que compunham uma teoria chamada “Helter Skelter”, elaborada pelo chefe do bando, Charles Manson. A escolha das vítimas de deu por equívoco, pois o objetivo original era atacar, por vingança, uma pessoa que o facínora achava que morava na casa, mas não morava mais.
As vítimas foram: Steven Parent, 18 anos (3 tiros), Abigail Folger, 25 anos (28 facadas) Wojciech Frykoskwi, 32 anos (51 facadas, 2 tiros e 13 feridas contusas) Jay Sebring, 35 anos (7 facadas e um tiro) e Sharon Tate, 26 anos e grávida de oito meses (16 facadas).
O filme “Era uma vez… em Hollywood”, de Tarantino, reconta essa história mas apresenta outro final. A tal “Família” morava em um rancho, em um estilo que se assemelhava ao de hippies como outros quaisquer; eram tempos de paz-e-amor-bicho, comunidades semi-rurais, drogas e muito papo furado. Há uma cena em que o próprio Manson vai à casa de Sharon Tate, vítima putativa dos assassinatos múltiplos, com contato visual entre ambos. Esse contato realmente existiu.
No filme, nenhuma das vítimas morre. Quem morre são os assassinos, que entraram na casa errada, a de um vizinho, onde estava um dublê de cinema que não tinha medo de nada. Eis as vítimas: Tex, 24 (ataque de cachorro, facada, golpe na cara, chutes na perna e no pescoço), Katie, 22 (soco na cara, 12 fortes golpes tacando o rosto contra parede e mesa), Sadie, 20 (latada na cara, ataque de cachorro, queimadura com lança-chamas). As cenas conseguem ser engraçadas.
Uma quarta integrante foi ao local mas fugiu, o que não aconteceu na vida real. Ela fez um acordo com a Promotoria para delatar Manson, em troca de imunidade. Seu depoimento da Justiça durou 17 dias.
Jornal de Brasília - 30/9/2020
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