Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Qual foi o maior elogio que você já recebeu?

Antes de responder, vamos concordar que um dos objetivos mais profundos da vida não é o de ser aplaudido, incensado, idolatrado pelo mundo. Toda a ideologia por trás da celebridade tem por premissa o desejo de ser aceito por pessoas que nem te conhecem e que você não conhece tampouco, além de desfrutar de tudo de bom que isso proporciona.

Gente notória, atletas, atores, cantores, cujo talento foi distinguido de maneira mais ou menos meritória, reclamam do preço cobrado pela fama, que talvez tenha tirado mais do que dado. Parece que não é charminho. Muitos entram em depressão e vivem de maneira vazia e suicida.

Mas é claro que não deve ser o projeto de ninguém ser detestado, repudiado, insultado. É uma necessidade primária cultivar um mínimo de interação sadia com os outros, a começar pela família, passando, em ordem decrescente, por amigos, colegas, estranhos e até desafetos.

Pois bem. Alguém já te disse que você é “a pessoa mais” que ela conheceu? Mais o quê? Inteligente? Educada? Bondosa? Culta? Incrível? Pelo flanco das qualidades negativas, os adjetivos poderiam ser burra, fofoqueira, preguiçosa, desonesta.

Einstein ganhou concurso mundial de inteligência de maneira curiosa. É nele que as pessoas pensam quando o tema está em pauta, mas sem saber dizer sequer superficialmente o porquê, e sem desconfiar que suas teorias jamais foram totalmente aceitas por físicos de enormes currículos (Cesar Lattes chegou a chamá-lo de “plagiador”, “fraude” e até uma “besta”). Nada posso dizer sobre o assunto, estudei pouquíssima física e muitos anos atrás. O único livro do Einstein que li não era sobre física (aquele “Como vejo o mundo”).

Portanto, não sei afirmar por conta própria se Einstein era um gênio ou uma besta. Só posso dizer que ele é considerado um gênio, mas há quem discorde.

Jornal de Brasília - 14/10/2020

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