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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

A essência do trabalho de quem atua na área forense consiste em ler e escrever. Se quiser, acrescente o pensar, pois é perfeitamente possível ler sem pensar e até escrever sem pensar.

Existem outras frentes, como falar em público, ter boa presença em audiência ou sessão, ser convincente ao despachar com alguma autoridade, dentre outros segredos da profissão. Amigos advogados falam da importância de vestir boas roupas e dirigir carro imponente, pois isso passa uma imagem de sucesso. 

E quem escreve mal, como fica? Supostamente, todos do direito deveriam fazê-lo bem, assim como todos os açougueiros precisam ter um corte preciso e jogadores de futebol sem habilidade com a bola estão na ocupação errada. Pintores daltônicos é algo quase inimaginável. 

Uma petição, um parecer ou uma decisão judicial bem redigidos proporcionam prazer intelectual, mas isso não acontece todos os dias, antes de mais nada, pela falta de tempo, que inviabiliza o máximo de capricho. Mas problemas mais agudos dizem respeito a falhas de conteúdo (técnica) e falta de talento para a forma (arte). 

Escrever é juntar palavras. O escritor junta a primeira, depois a segunda, depois a terceira, a quarta, a quinta e por aí vai (na verdade, a coisa é muito mais complexa que isso). 

Vejam o seguinte trecho de “O resto é silêncio”, de Érico Veríssimo: “O que há no fundo de todo artista é ainda o menino. O menino que olha o mundo e diz: ‘Eu também sei fazer um céu como aquele, flores iguais às deste jardim, pessoas como aquelas que lá vão’. Há também meninos que em assomos de orgulho exclamam: ‘Eu sei fazer um mundo mais bonito!’. E aí estava a razão pela qual a arte tantas vezes superava a vida. Quando aos surrealistas, cubistas, etc…., são meninos esquisitos que gritam: ‘Eu sei fazer um mundo diferente’”. 

Igual, mais bonito ou diferente. Só não pode ser pior.

Jornal de Brasília - 20/1/2021

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