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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Se você tropeçasse na lâmpada mágica e o gênio aparecesse para lhe atender três desejos, quais seriam eles? Ou melhor: se tivesse um só, o que faria?

A julgar pela corrida à Mega Sena acumulada ou o volume de inscrições para o Big Brother Brasil, é lícito adivinhar que a maioria responderia: dinheiro. E, com ele, todos os bens de consumo que se pode comprar, uma casa maior, outra no campo ou na praia, carros, motos, lanchas, viagens, roupas, móveis, equipamentos, golfes, drinques, comidinhas, charutos, joias, mulheres, homens. Por que não amor verdadeiro?

Só os modestos pediriam um emprego ou o conserto do telhado ou da encanação de esgoto da casinha que já possui.

Muitos pediriam saúde, talvez filhos. Mas quantos prefeririam fé? Ou inteligência? Sabedoria? Disciplina? Paciência? Talento? E mais: talento puro e desinteressado, não um meio para se obter sucesso e fama.

Vejam esses caminhos. Um, mais rápido, que é a riqueza sem merecimento, só no estalar de dedos (até para ganhar na loteria o sujeito tem de pagar pelo bilhete e entrar na fila). O mais longo é o do reconhecimento da capacidade e esforço, com a aceitação e a admiração dos outros, e ipso facto a subida no nível dos amigos, vizinhos e da própria família.

Mas estou pensando mesmo é no indivíduo que gostaria de tocar guitarra melhor do que o Henrix ou baixo melhor do que o Jaco – mas não quer gravar discos, fazer apresentações nem impressionar quem quer que seja. Quer apenas a sensação secreta, a satisfação de que faz algo bem, que é um “artista” que é pobre e não se importa em ser humilhado pelas almas medíocres a seu redor, pois no fundo as despreza na certeza de que é um homem superior. E está disposto a pagar o preço absconso do gênio, o gênio é que de verdade, não aquele ser etéreo que surgiu de repente da lâmpada, e do qual não precisa para nada.

Jornal de Brasília - 3/2/2021

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