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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT 

Agora que a poeira abaixou um pouco, pode ser feita com mais calma a seguinte pergunta: o que você achou da Força-Tarefa Lava Jato? Foi a maior operação contra a corrupção na história do país ou, pelo contrário, foi um festival de arbitrariedades, bizarrices jurídicas e inflamações de egos? Em um meio termo eclético: foi positiva no contexto geral mas houve erros pontuais que não comprometeram a excelência do trabalho, talvez?

A resposta é: você não sabe. Eu não sei.

A menos que eu e você tenhamos lido uma parte expressiva dos autos dos processos, não sabemos e nunca saberemos. O máximo que teremos são impressões, fruto de dados superficiais, pinçados por veículos de imprensa que trabalham em ritmo forte e competitivo de divulgação, o que não permite aprofundamento de alguma questão importante – e esse aprofundamento nem vem depois porquanto novos fatos acabam por pautar o noticiário.

Se o Sergio Moro publicou uma sentença hoje, a peça, de 100, 200, 300 laudas, vai ser lida no afogadilho, com destaque para um ou outro detalhe e, principalmente, para aquilo que em direito processual se chama de “dispositivo”: a parte conclusiva da decisão, o resultado final, o condeno ou absolvo. É o único compartimento da sentença que transita em julgado, é o que dirá se o réu se deu bem ou mal, para usar de linguagem vulgar. Réus convencionais, com pouca instrução, só sabem mesmo se estão presos ou soltos; não sabem nem querem saber de minúcias judiciais e tecnicalidades.

No mais, simpatia ou antipatia pela Lava Jato decorrerá de predisposições pessoais, como admiração ou desapreço pelo Lula, pelo Palocci, pelo Cerveró, pelo Odebrecht, pelo Japonês da Federal, pelo Ministério Público, pelo Supremo ou outros personagens.

P.S. Este é o artigo número 600 em minha carreira, a maior parte no Jornal de Brasília, o melhor jornal do mundo.

Jornal de Brasília - 15/12/2021

Os textos disponibilizados neste espaço são autorais e foram publicados em jornais e revistas. Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da instituição.

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