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Patrícia Mara da Conceição
Promotora de Justiça do MPDFT 

Dona Ana, mulher de hábitos singelos não passa despercebida pela singularidade de sua existência. Aguerrida, consistente, equilibrada, talhada na fé, longeva, multifacetada, de tantos significantes e significados. E quantas vidas cabem nessa vida, de gosto pela vida sem medida.

Muito cedo, sabidamente resignada, percebeu que a morte faz parte da vida e acolheu como seus os filhos de sua mãe. Desde então, nunca mais deixou de ser luz.

Casou-se menina, deu à luz muitas vezes, sovou, dividiu o pão, nutriu infinitamente. Vivenciou conflitos demasiadamente humanos, sempre os ressignificando com lhaneza de espírito. Afinal, por que perder tempo com idiossincrasias e destemperos se, de perto, nada é tão importante nessa jornada passageira?! 

Ana, nome simples, que bem retrata uma vida compreensível. Transparente como o coração das crianças e como deveria ser o das pessoas tidas por crescidas. 

Outro dia mesmo, Ana inspirou Gertrudes, que se fez feto e habitou as profundezas do útero. Aninhada, sentiu-se nutrida por si. Se fez pequena para ser acolhida e alentada pelo próprio corpo. Em posição fetal sentiu-se segura. O ambiente escuro, úmido, sereno, consideravelmente confiável. 

Reconectou-se com a mãe que partira, chorou… Agradeceu a vida. Lembrou-se da avó e da mãe que ela pouco pode ter, desde a tenra idade instada a nutrir aos dela e aos seus com o cheiro de afago que recebera. Prosseguiu grata. 

Forjou no útero novos ensaios de vida, foi guiada a compreender que é terra fértil, a germinar sementes e propósitos, tais quais idealizados. 

No mês em que se comemora o Dia das Mulheres, que possamos nos inspirar nos mais diversos exemplos, mulheres prosaicas e intuitivas como Dona Ana, todas tão necessárias para a perpetuação da própria vida, transbordamento de paz em tempos de guerra.

Jornal de Brasília - 16/3/2022

Os textos disponibilizados neste espaço são autorais e foram publicados em jornais e revistas. Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da instituição.

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