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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O ator Johnny Depp foi chamado por um tabloide de “wife beater” (espancador de esposa) e moveu processo. Tempos depois, sua última mulher, a também atriz Amber Heard, se disse vítima de violência doméstica e ele processou de novo. O primeiro, contra o jornal, já foi decidido e se encerrou. O segundo, contra a ex, está em tramitação, com ampla curiosidade popular. 

Essas duas iniciativas uivam o mesmo recado: Depp não aceita ser apontado como marido violento, não tolera que o rótulo lhe seja pespegado e vai à Justiça buscar a reparação que entende devida. Mas há aqui um risco grande.

Vão ser produzidas provas em seu desagravo, porém os outros lados não vão deixar de atacar (a ex foi além e também pleiteou indenização, em valor dobrado, num lance conhecido no Brasil como “reconvenção”). Ele terá de passar por maus bocados, jorrados da suposta vítima e de testemunhas, diretas ou indiretas; vídeos, fotos, gravações, mensagens serão exibidos, tanta coisa desagradável ficará exposta. Não será como um passeio no parque numa gloriosa e primaveril manhã de domingo.

E o pior: nada garante que ele não perca. Contra o tabloide, perdeu. Desperdiçou tempo e dinheiro, desgastou a própria imagem – para nada. O segundo processo, pelo andar da carruagem, é imprevisível. A única certeza é que nenhum dos dois parece ser o genro, a madrasta, a cunhada dos sonhos. Nessa história de amor, vicejaram entorpecentes, carraspanas, agressões, objetos voando, xingamentos, vômitos, fezes, o diabo.

No direito, há um tal “strepitus judicii” ou “strepitus fori”, que é o custo-benefício de se ir aos tribunais. Mesmo vencendo a demanda, alguns momentos privados nãovalem o preço do ingresso. Talvez Depp devesse ter se contentado com uma nota nas redes sociais ou entrevistas “repudiando veementemente” as acusações e agora chega, vamos mudar de assunto.

Jornal de Brasília - 18/5/2022

Os textos disponibilizados neste espaço são autorais e foram publicados em jornais e revistas. Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da instituição.

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