Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
Amber Heard acusa o ex, Johnny Depp, de agressões físicas e tormentos mentais. Tirou fotos, pediu divórcio, pediu medida protetiva de distanciamento.
Acontece que ex-mulheres e namoradas saíram em defesa de Johnny, espontaneamente, garantindo que ele é gentil, cavalheiresco, jamais as assaltou e não acreditam que o tivesse feito com outrem.
Relacionamentos pretéritos, testemunhados nessas bases, têm algum impacto em termos de prova judicial? Ou só o teriam na hipótese contrária, ou seja, se elas dissessem que também foram vitimadas, o que se verifica quando pipocam tais tipos de situação, a exemplo de um ginecologista do DF, anos atrás, ou, mais recentemente, com um curandeiro do entorno que realizava “cirurgias espirituais”?
Quando mulheres aos montes aparecem posando de ofendidas de assédios e até estupros por um mogul de Hollywood – convenhamos, um ambiente que não prima pelo pudor --, isso mais se assemelha a um complô disparatado ou tem jacaré no lago?
Uma coisa depõe contra Johnny: drogas e bebedeiras. Uma pessoa alterada pode falar e fazer coisas das quais se arrependerá, se se lembrar.
Gravação (essa gravação já diz algo) feita por Amber o mostra fora de controle, batendo as portas dos armários, com o cerebelo notoriamente prejudicado. Johnny pega um copo e o enche de vinho. Na Justiça, o advogado dela pergunta se ele “poderia estar bêbado” e ele diz que “há uma possibilidade sim”. Pergunta se ele se serviu de um “mega pint” de vinho tinto, ele estranha a pergunta, dá uma risadinha contagiante e admite que se serviu de um “copo grande de vinho”. Não deu para negar que bateu nos armários, mas negou que bateu na mulher.
Desde Pitágoras, sabemos que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Mas um processo judicial não é um teorema e seus cálculos não são feitos com fórmulas matemáticas.
Jornal de Brasília - 25/5/2022
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