Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Amber Heard. Que garota linda. Que olhos. Que dentes. Que nariz. E é boa atriz, os filmes que vi com ela mostraram desempenho satisfatório, há talento ali sim.

Quando tinha vinte e poucos e não passava de uma “starlet”, Amber conheceu Johnny Depp, o astro de uma produção em que se candidatara a um papel. Ele ainda desfrutava de excelente aparência mas, 23 anos mais velho que a moça, já tinha levado umas e outras bordoadas do tempo.

A combinação era promissora, feérica. Um clássico on, off e off-off Broadway: ela entrava com exuberância física e vontade de subir na vida e ele agregava glamour, tapetes vermelhos, celebridades ao primeiro toque do telefone ou em carne e osso, em brunchs dominicais à piscina, com champanhes de primeira e outras delícias que não ousam dizer o nome.

Mas um dia as rachaduras começaram a aparecer e não deu mais para disfarçar que não eram trincas bobas e sim abalos estruturais. Ele é beberrão, drogado, possessivo e brusco. Ela padece dos transtornos mentais borderline e histrionismo; assim, conseguia unir o pior dos mundos, a necessidade de ser o centro das atenções e um temperamento instável e imaturo. O que tinham de bom para trocar acabou sendo sufocado por outras realidades e o resultado é o que todo o mundo está a assistir de camarote.

Mesmo que Johnny tivesse antevisto que Rita Hayworth não era Gilda – e nem mesmo Margarita Carmen Cansino –, o preço que um quase cinquentão tinha a pagar pelo amor de uma beleza com a metade de sua idade é um financiamento que compensa a hipoteca. Por acaso vocês não viram o filme “Instinto Selvagem” (uma tradução elaborada para “Instinto básico” e até as paredes sabem que instinto é esse)?

Ou vocês acham que o sonho de starlets hollywoodianas é casamento regado a espumante de 40 reais e dadinhos de tapioca com promotores públicos pançudos, carecas e cafonas?

Jornal de Brasília - 1/6/2022

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