Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - 8 a 1

MPDFT

Menu
<

Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Um escândalo assombra o Brasil desde 2014, com a Copa do Mundo. Não me refiro ao famigerado 7 a 1 ou mesmo ao torneio em si, isto é, na mobilização de muita grana pública para a construção de estádios e outras obras necessárias para a viabilidade do evento.

A propósito do último aspecto – obras –, uma pergunta que se fez à época é se a sociedade realmente queria o mundial ou se não preferia gastar recursos com coisas mais importantes ou urgentes. Famoso ex-jogador chegou a dizer que “não se faz copa do mundo com hospital”, uma declaração de uma honestidade crua e desconcertante. Pois até hoje a pergunta não foi respondida. As pessoas queriam ou não copa?

Vejam: houve eleições municipais no país em 2012. Quase 140.000.000 de pessoas em mais de 5.500 cidades foram às urnas para escolher prefeitos e vereadores. Não era uma oportunidade para se realizar um plebiscito e fazer consulta popular a respeito da copa?

Na verdade, essa nem era a melhor oportunidade porque o Brasil registrou candidatura para sediar a copa de 2014 em dezembro de 2006 e houve eleições com urnas eletrônicas antes, em 2004 e 2006, e após, 2008 e 2010. Quem apresentou o projeto para a Fifa não foi o governo e sim uma entidade privada, a CBF. O projeto não foi jamais detalhado ao povo; mas as contas, essas, sim, foram. O presidente da FIFA afirmou que a copa não era do Brasil, e sim da FIFA no Brasil, também em um momento de sinceridade crua e desconcertante.

Mas o escândalo do início do presente artigo não é nada disso, e sim o fato de torcedores japoneses terem feito faxina ao final das partidas, recolhendo sujeira que nem produziram. Sujeira alheia. Nós ficamos espantados (depois descobrimos que as próprias crianças lavam os banheiros de suas escolas), admirados, até humilhados. Mas nada mudou. Seguimos achando que faxina é coisa de escravos e criados.

Jornal de Brasília - 12/10/2022

Os textos disponibilizados neste espaço são autorais e foram publicados em jornais e revistas. Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da instituição.

.: voltar :.