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Ivaldo Lemos Junior
Procurador de Justiça do MPDFT

Quando o assunto são as perseguições ferozes de Hitler, pensa-se de imediato nos judeus. Os prisioneiros esqueléticos nos campos de concentração até hoje são a imagem da guerra que calou mais fundo nas mentes e nos corações. Na verdade, os nazistas travavam duas guerras concomitantes, uma contra os Aliados e outra paralela, contra os judeus, por motivos e em circunstâncias diferentes.

Mas os judeus não foram o alvo original de consolidação do projeto fascista, e sim os comunistas e socialistas, esses sim as nêmesis mais urgentes dos novos donos do poder. Logo no início do governo, em 28.2.1933, o presidente Von Hindenburg (que faleceria no ano seguinte) emitiu o Decreto de Emergência, restringindo “até segunda ordem” várias liberdades fundamentais, como opinião, reunião, correspondência e domicílio. Tal segunda ordem nunca veio e a Constituição alemã, na prática, foi esse decreto durante todo o regime autocrático.

O decreto foi precipitado pelo incêndio no Reichstag, na véspera, por Marinus Van Der Lubbe, um holandês analfabeto, cujas faculdades mentais eram duvidosas -- tão duvidosas quanto a autenticidade em si do vandalismo. Marinus foi preso quando o prédio ainda ardia e Hitler, que foi ao local, nem esperou as conclusões das investigações; decidiu que aquilo era “o começo do levante comunista” e que “derrubaria” quem se interpusesse “no nosso caminho”. Mais de quatro mil pessoas foram presas, incluindo deputados, que gozavam de imunidade legal. Os nomes estavam obviamente preparados, o que leva à hipótese de sabotagem, que foi lembrada até pelo promotor Jackson, em Nuremberg, 13 anos depois.

E agora o pior: os alvos seguintes foram os próprios nazistas, que passaram a se matar uns aos outros. A Noite das Facas Longas foi um acerto de contas com o fracasso do Putsch de 23 mas, sobretudo, a liquidação da SA e de Röhm.

Jornal de Brasília - 18/1/2023

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