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Ivaldo Lemos Júnior
Procurador de Justiça do MPDFT

Nossa República é uma realidade tão irreversível que, no serôdio plebiscito de 1993, a hipótese de restauração do regime anterior soava como uma piada infame. Mas, em sua época, a proclamação foi um lance de duvidosa consistência política. Não se pode afirmar que tivesse sido fruto inapelável da soberania popular, ou mesmo que o cidadão comum estivesse a par dos acontecimentos.

De acordo com uma expressão que se cristalizou, o povo estava “bestializado” e não conseguiria discernir entre um exercício de ordem unida e a queda do império. Um observador, da França – a mesma França que sediara, um século antes, uma revolução tão idolatrada pelos propagandistas --, chegou a dizer que o Brasil “não tinha povo”. Agitadores querem gente na rua, quebrando vidraças, exigindo cabeças. Para o espetáculo macabro do cadafalso da esquina não falta plateia, nunca faltou.

O próprio modelo republicano era objeto de controvérsia entre os entusiastas. Havia uma vertente liberal, que defendia maior autonomia federalista dos Estados Unidos do Brasil, mas também a iniciativa de um Executivo central forte e autocrático, por sua vez subdividido entre “tarimbeiros” veteranos da Guerra do Paraguai e jovens jacobinos ou diplomados no positivismo da Praia Vermelha. A Constituição nova em folha, entre um golpe e outro, já parecia vetusta.

O primeiro presidente, marechal Deodoro, que se autoproclamava “Generalíssimo”, ficou apenas dois anos no poder. Renunciou em 23.11.1891, em razão da Revolta da Armada (Armada era como se chama hoje a Marinha, então com laços apertados no trono monárquico e que vinha se sentindo preterida pelo Exército), do fechamento do Congresso, do estado de sítio e da crise econômica do Encilhamento. O almirante Custódio de Melo ameaçou bombardear o Distrito Federal e a ideia tola de que república era sinônimo de democracia.

Jornal de Brasília - 8/3/2023

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