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Ivaldo Lemos Junior
Procurador de justiça do MPDFT

Acompanhar o processo de Johnny Depp X Amber Heard pode ser apenas um lance de fofocagem, de “curiositas”, de oportunidade de entrar de penetra na intimidade de famosos, ver imagens da sala de estar, da cozinha ou do quarto da casa onde moram, obter informações privilegiadas de funcionários que os conhecem bem mas estão afastados do “public eye” -- mesmo que todo esse esforço produza um resultado frustrante, de brigas e baixarias. Convenhamos, nada do que foi desvendado foi lá uma grande surpresa. Os fãs poderiam considerar o ex-casal como modelo de beleza ou talento artístico, mas não de sobriedade e retidão moral.

Outra razão para prestar atenção em um processo como esse é comparar um pouco o sistema judicial dos EUA e o do Brasil. E aqui, sim, houve uma agradável revelação: a juíza. Ela administrou um caso excessivamente rumoroso e muito do que foi feito tinha por objetivo impressionar não os jurados, mas o mundo do lado de fora do tribunal. Há indícios de manipulação cibernética.

Pois a juíza se mostrou serena, discreta, educada. Suave, mas firme e segura. Se não houve altercações nem bate bocas mais acalorados, foi por causa dela. Nada de ataques de estrelismo, como fez Ito, o juiz de outro processo ruidoso, de O. J. Simpson. Ito quis ser o protagonista do julgamento e acabou prejudicando-o muito. O desfecho foi desastroso.

Qual é o nome dessa juíza? Não sei. Até já soube, é um nome meio diferente, mas não me lembro. Melhor assim. Juízes precisam ser pessoas anônimas, ignoradas pelo public eye. Suas presenças não devem ser notadas em ambientes abertos como restaurantes e aeroportos. É um fenômeno estranho que magistrados sejam reconhecidos (salvo por gente do meio forense, que os cumprimentará ao nuto, se tanto) e, mais do que isso, que sejam hostilizados com insultos e apupos. Fenômeno estranho, mas sintomático.

Jornal de Brasília - 24/4/2024

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