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Ivaldo Lemos Junior
Procurador de Justiça do MPDFT

Um brado está entalado na garganta de muitas pessoas e, em momentos agudos, sai pela boca e explode como um acerto de contas retumbante: quando se diz a um funcionário público “eu pago o seu salário”.

Sou funcionário desde os 18 anos e não me lembro de me terem dito isso na lata, mas já ouvi muito em processos, em conversas, em vídeos de internet. Há coisas bem piores, xingamentos, insultos, provocações rasteiras. Por incrível que pareça, policiais que fazem trabalho de rua, mesmo que rigorosamente dentro da legalidade, tantas vezes são hostilizados com palavrões não só pelos alvos de suas abordagens, mas por populares que nada têm a ver com a história. 

Juízes do Supremo Tribunal Federal também vem sendo achincalhados de maneira grosseira – o último capítulo foi aquele radialista da tornozeleira --, o que é um fenômeno recente e que merece uma atenção redobrada. Há aqui um problema que está exposto e pedindo uma explicação e uma solução.

Mas voltando ao “eu pago seu salário”, é necessário penetrar um pouco na psicologia sobretudo do concursado. Este optou por participar do serviço público pela questão da estabilidade e pela falta de vocação para o empreendedorismo. Não querem ou não saberiam abrir uma sorveteria ou uma loja de ferragens, tampouco ser empregados de tais estabelecimentos, no balcão, no caixa, na expedição. Não conseguem vender, não tem a lábia nem o jogo de cintura. Preferem executar trabalhos mais ou menos intelectuais ou burocráticos e receber um fixo, no final do mês, que não os deixarão ricos jamais, mas permitirão um estilo de vida digno e com relativo conforto.

Individualmente, ninguém pode afirmar que paga o salário de servidor nenhum. É o tesouro que faz isso, o erário. Luis 14 afirmou que o Estado era ele. Se alguém quiser bancar o Luis 14 de hospício, desafie-o. Então corte, vamos ver, corte.

Jornal de Brasília - 5/2/2025

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