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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O macho alfa é o líder do grupo de indivíduos organizado politicamente. O beta é o vice, alguém de quem se serviu convenientemente para se "chegar lá", em uma relação de complexidade em regra triangular, e que pode ou não estar interessado em ocupar o posto do titular. O gama é o terceiro na hierarquia, que também pode ser uma figura perigosa e portanto deve ser mantido a curta distância, ou então não passa de um interessado em desfrutar das vantagens do poder ou ser uma eminência parda, que atua nos bastidores.

Não creio que esse enredo esteja de todo obsoleto se nos valemos de sistemas políticos que têm figuras como as do Presidente da República, Primeiro-Ministro, Comandante-em-Chefe, Procurador-Geral etc. Tampouco creio que esse seja um remédio que venha sem bula, cujos efeitos benéficos ou colaterais somente saberemos tarde demais. Já estamos no terreno do tarde-demais.

É possível, assim, fazer várias considerações empíricas a respeito do tema. Mas não sem antes admoestar que existem pessoas com cargos altos que não têm poder real nenhum, e outros sem posições formais mas com muita influência. É preciso se ter um olho treinado para saber quem é quem.

Pois a consecução e manutenção do poder não se dão pela via da força bruta, ao menos não por muito tempo. O apelo dos janízaros é necessário, mas não suficiente.

Mandar diz mais respeito ao exercício tranqüilo do poder do que ao gesto de arrebatá-lo: no Reino da Escócia, Macbeth vaticinou que to be thus [a king] is nothing, but to be safely thus ("ser o rei não é nada: há que sê-lo sem perigo"). "Mandar é sentar-se", acrescenta Ortega y Gasset, que completa: "ao contrário do que supõe uma óptica inocente e folhetinesca, o mandar não é tanto uma questão de punho como de nádegas.

O Estado é, em definitivo, o Estado da opinião: uma situação de equilíbrio, de estática". É por isso que, no primeiro dia de trabalho, a primeira coisa que o Presidente faz é trocar a cadeira do seu gabinete.

Jornal de Brasília

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