Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Sei que votarei vencido, mas tenho o direito de não ser fã da Angelina Jolie. Desconfio que seja por causa de sua personalidade, que é um pouco agressiva demais para o meu gosto. Ela faz o tipo devoradora de homens, e isso no me gusta.

Sinceramente? Prefiro Jennifer Aniston. Embora seja uns 6 ou 7 anos mais velha do que a rival e tenha o formato da região bucinadora desenhado de uma maneira um pouco estranha, o conjunto da obra de Jennifer é extremamente agradável. Mas ela também passa uma imagem pouco invejável: a de coitadinha, mal-amada, abandonada por homens que não souberam lhe dar o devido valor. AJ é a anti-JA (ou vice-versa).

Mas talvez o meu problema maior com Angelina sejam as suas tatuagens.

A história filogenética dos processos humanos de vocalização poderia ser resumida em capacidade cerebral, estrutura neural e natureza do trato vocal, que contribuíram para o amadurecimento linguístico até a plena capacidade cognitiva da fala e, em seguida, da escrita.

Se os sonetos de Shakespeare funcionam como uma “endolinguagem”, que em muito ultrapassa o “instinto fundamental” da comunicação, não é menos verdade que o autor de Hamlet tem contas a acertar com o produto evolutivo do dedão, garganta e batata da perna de seus tataravós.

Em ritos de passagem de sociedades analfabetas, torturas e dilacerações eram marcadas no corpo do iniciado, à guisa de se recordar a norma jurídica que fundamenta a vida social – o que não deixa de ser comunicação escrita, ainda que em poda. A marca dolorosa se prestava para perpetuar na superfície da pele o investimento coletivo e reprimir o egoísmo do jovem. Mas, repito, do jovem, não da jovem, que era poupada disso.

Dessas práticas, a sociedade atual assimilou a tatuagem, mas não por motivos éticos, e sim estéticos, e isso é curioso e até contraditório: nenhuma tatuagem deixa o corpo da mulher mais bonito. Leio na internet que Angelina tem uma frase de Tennessee Williams gravada em seu corpo.

Essa é a mais fácil de todas: prefiro Shakespeare.

Jornal de Brasília