Laura Beatriz Rito
Promotora de Justiça
Em todos os países do mundo, a cada ano, acontecem acidentes de trânsito que representam um sério problema mundial de saúde pública. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram uma mortalidade anual de quase 1,2 milhão de pessoas, vítimas do trânsito, sendo que outros 50 milhões são lesionadas, muitas definitivamente. Aproximadamente 85% dos óbitos por acidentes de trânsito ocorrem em países de baixa e média renda, com perdas anuais de 1% a 2% do Produto Interno Bruto (PIB), com gastos relacionados aos acidentes de trânsito. Em que pensem as estatísticas assustadoras sobre as trágicas conseqüências do flagelo no trânsito, a segurança das vias públicas não recebe a adequada atenção das autoridades responsáveis pelo setor, seja em nível nacional ou internacional. Como razões podemos destacar a falta de consciência coletiva, a carência de informações sobre a real grandeza do problema e seus impactos nos custos médicos, sociais e econômicos dos países.
No Brasil, não poderia ser diferente. As estatísticas apontam que, por ano, mais de 35 mil pessoas têm suas vidas ceifadas pela violência no asfalto e mais de 500 mil pessoas foram seriamente lesionadas, das quais 5% (25 mil) morrem até 30 dias após o acidente (dados da OMS). Deduz-se então que temos mais de 60 mil mortes por ano na guerra do trânsito. No Brasil, essa é uma das principais causas da mortalidade entre jovens abaixo de 35 anos, principalmente do sexo masculino.
Em 2004, a OMS dedicou à violência no trânsito o seu Dia Mundial de Saúde, promovendo, em abril de 2007 (semana de 23 a 27), a Primeira Semana Global de Segurança no Trânsito com propostas claras e objetivas. Uma delas foi que os países dedicassem o terceiro domingo do mês de novembro às ações em memória das vítimas do trânsito em todo o mundo, como um alerta à sociedade e uma cobrança às autoridades.
A avaliação sobre mortes no Brasil, divulgada em 25 de abril de 2007 em Brasília, durante a Semana Mundial das Nações Unidas de Segurança Viária, constatou que houve no País um aumento de 10% do número de óbitos por acidentes de trânsito entre os anos de 2002 e 2005. A faixa etária mais atingida foi dos 20 aos 38 anos (45%) e cerca de 21.529 óbitos ocorreram entre homens. Registre-se que, na faixa etária dos 18 aos 29 anos, o trânsito é a principal causa de morte.
O Distrito Federal, infelizmente, colabora para esse quadro assustador. Todos os dias nos deparamos com notícias sobre acidentes de trânsito que deixam mortos e feridos. Os números são crescentes. Mas, mais do que números, estamos falando de vidas...
É imprescindível a criação de políticas públicas e diretrizes objetivando a redução das mortes no trânsito. Não há soluções rápidas e milagrosas, mas é necessária a mobilização de todos os segmentos para reunir esforços e criar medidas, principalmente no âmbito de educação e prevenção, na faixa etária jovem, promovendo a melhoria da segurança do trânsito no DF e reduzindo a assustadora estatística que marca a violência no asfalto.
Com a fixação desta data simbólica em homenagem às vítimas do trânsito, pretende-se:
1) demonstrar a dor de se ter uma vida ceifada de forma abrupta;
2) promover a divulgação pública da dimensão dessa tragédia;
3) promover a divulgação dos impactos econômicos e sociais da violência no trânsito que consome grandes verbas;
4) promover a consciência de que tais acidentes podem ser evitados;
5) convocar a sociedade brasileira à reflexão para que, de forma decidida e definitiva, exija das autoridades a redução, em caráter urgente, das estatísticas de mortalidade no trânsito.
O Distrito Federal não pode estar alheio a esse movimento mundial. É importante que esta data, 18 de novembro de 2007, seja um dia de reflexão... um dia de lembranças... mas, principalmente, um dia marcado pela mudança, pela ação efetiva no combate à violência no trânsito.
Jornal de Brasília