Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça
Um processo judicial é um ambiente, em parte ideal e em parte material, onde circulam informações. Claro que isso não é apanágio exclusivo de processos judiciais. Em churrascos, salões de beleza e saunas masculinas as informações também circulam, sempre ou quase sempre sobre a vida pessoal alheia: quem está ou não está mais com quem, quem está envelhecendo bem ou mal, quem perdeu o emprego. Nossa tendência para a bisbilhotice é insopitável, acho que sei a razão disso e um dia a explicarei.
Um jornal é também um excelente exemplo de local propício para a busca e divulgação de informações, vale dizer, para que o leitor procure saber o que está acontecendo no Brasil e no mundo, obtenha opiniões de articulistas ou simplesmente conheça a programação cultural.
Da perspectiva do jornal, o autor da informação (repórteres, produtores, editores etc.) tem o papel de captar fatos da vida que julgar relevantes e processá-los da maneira adequada, isto é, em um trabalho que reflita o mais fielmente possível a realidade. Decerto estou me referindo ao jornalismo sério e confiável.
Nesse aspecto, matéria jornalística em muito se parece com investigação policial, pois ambos são regidos pela preocupação de se apurar a verdade exatamente como ela aconteceu, não como o jornal ou a Polícia gostaria que ela tivesse acontecido. Eventuais desconhecimentos sobre detalhes das histórias devem ser confessados ou podem ser preenchidos com raciocínios e ilações, desde que estes sejam explicitados como tal, e não emulsionados com os fatos propriamente ditos.
Mais grave ainda é a hipótese de que o fato em si tenha sido distorcido, ampliado, simplificado ou meramente inventado de maneira deliberada, seja para fins de louvação seja para fins difamatórios ou quaisquer outros, inevitavelmente desonestos. Tanto os veículos de comunicação como a Polícia gravam seus nomes na história com a marca da credibilidade.
E assim também fica claro que me refiro à Polícia realmente séria e confiável.
Jornal de Brasília