Kátia Christina Lemos
Promotora de Justiça do MPDFT
Diante dos últimos acontecimentos mundialmente destacados pela mídia, está a notícia da morte do terrorista Osama Bin Laden, procurado há 10 anos pela inteligência americana dos EUA, encontrado numa mansão no Paquistão, morto com um tiro na cabeça e o corpo jogado ao mar. Haviam dezoito pessoas na casa no momento do ataque, entre crianças e mulheres, estando todas em poder dos EUA os quais ainda não decidiram o destino destas pessoas. Pergunto: qual a diferença entre eles?
Osama era um homem simples, inteligente e perspicaz, formatado para matar, principalmente americanos, mas portador de uma filosofia religiosa, apesar de extremista, fundada em conceitos muçulmanos que considerava a necessidade de expurgar a influência nefasta dos Americanos para ter um lugar junto ao seu Deus. De certo que o extremismo o tornou incapaz de avaliar o horror de seus atos, o que caberia a este ser julgado.
Obama, homem simples, inteligente e perspicaz, com sede de vingança e necessidade de maior popularidade, decide ao seu bel prazer eliminar o seu algoz, sem um julgamento prévio, limitando-se a dizer justiça foi feita. Seus objetivos, além desses, na posição de nação mais forte do mundo, vem dando a palavra final em uma série de guerras e lutas incitando e valorizando o interesse social por países do oriente médio menos autoritaristas.
Onde está o Estado democrático de Direito? Onde está a Comissão Interamericana de Direitos Humanos?, sob que argumentos legais Obama mantém subserviente pessoas como mulheres e crianças que estavam na casa no momento da operação? Qual o crime cometido por elas? Por óbvio, a vingança é a forma errada de se fazer justiça.
Agora todo americano, inglês, italiano, francês e outros habitantes de países que vêm apoiando as ações dos EUA, certas ou erradas, deverão se preocupar diariamente com uma retaliação. Será que eliminando Osama, Obama coloca fim ao terrorismo tanto temido por todos nós, ou ele mesmo acaba entrando no jogo do terror do qual só existem perdedores, transformando Osama num Mártir para mais uma causa muçulmana extremista, isso só o tempo dirá...
Jornal de Brasília