Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
Se eu lhe mostrar um mapa da África, você saberia apontar onde exatamente fica o Congo? Saberia dizer mais ou menos quantas pessoas moram por lá? Que língua falam? Qual é a moeda corrente? Alguma informação, básica que seja, sobre política, economia ou direito daquela nação?
Se você fracassou nesse pequeno desafio - e provavelmente o fez, e mais provavelmente ainda não ficou nem um pouco encabulado por isso --, não venha se queixar que muitos não consigam precisar qual é a capital do Brasil, ou que achem que a resposta certa é Buenos Aires. Ou que vivemos nós sufocados na mata fechada, em meio a cobras e animais silvestres, talvez elefantes, jacarés, gorilas, sei lá.
De um modo geral, as pessoas aprendem aquilo que lhes importa ou interessa. Se absolutamente nada que venha do Congo lhe importa ou interessa; se botar os pés por lá lhe soa como a última das boas pedidas, você está pronto para continuar nada sabendo sobre ele, e tudo bem.
Pois então. Fique sabendo que existem não um mas dois Congos. Um ao lado do outro.
O menor, também chamado Congo-Brazzaville, localiza-se mais ao ocidente, fazendo divisa com o Gabão. Sua área total é de cerca de 340 mil km2, e ali não vivem mais do que uns 4 milhões de pessoas, que falam francês. Elas falam esse idioma porque sofreram colonização da França.
O outro Congo é bem maior; é um dos maiores países do continente. Lá eles também falam francês, mas não porquanto tivessem sido colonizados pela França, e sim pela Bélgica. Isso explica porque até hoje o país é também conhecido como "Congo Belga". Afinal, os belgas também falam francês (essa você sabia).
Melhor explicando, o Congo não foi propriamente colonizado pelos belgas, como outros países africanos o foram por outros países europeus. Ele foi incorporado ao patrimônio particular do rei Leopoldo II, em 1876, e os europeus todos concordaram pronta e resignadamente com isso. O Congo somente passou à propriedade pública quando o rei faleceu, em 1908, e o deixou em testamento à sua nação.
Jornal de Brasília