Inácio Neves Filho
Promotor de Justiça
É curioso perceber as dessemelhanças entre brasilienses e goianienses, em prejuízo dessas gentes. Tanto no DF como em Goiás, a qualidade dos serviços públicos é lastimosa. Aqui, pacientes do entorno compartilham o mau atendimento do SUS e não existe instituto próprio de assistência ao servidor público. Além disso, a rede privada de atendimento não é confiável, o que faz as pessoas de maior poder aquisitivo buscarem socorro em São Paulo (Roriz, Lula e os Guerner não saem do Sírio Libanês).
A má qualidade, a tarifa cara e a frota de ônibus muito antiga afastam o usuário de classe média do transporte público no DF. Em Goiânia, embora existam gargalos, o serviço é considerado bom, sendo comum encontrar usuário da classe média nos ônibus. Em contrapartida, aqui há disciplina no trânsito, com uma convivência pacífica entre motoristas e pedestres, o que tem reduzido o número de acidentes.
Os brasilienses levam os estudos mais a sério que os goianienses e estão de antena ligada nos concursos públicos, alcançando estabilidade mais cedo na vida. Aqui, os rapazes são benévolos. Eles namoram e até casam sem se importarem com a beleza da moça, desde que ela tenha um bom emprego, seja filha de ministro ou de político famoso. As moças daqui preferem um típico brasiliense: um sujeito frio, inteligente e concursado.
Os goianienses primam por uma loira linda e não se importam se ela é meio acomodada na carreira profissional, optando eles por bancarem as despesas da casa. Eles não vêm a Brasília porque temem serem as mulheres daqui feias e chatas. As moças de lá lutam por um rapaz de boa índole, de preferência fazendeiro, médico, juiz ou promotor.
Bom seria se os dois gentílicos conhecessem e explorassem o potencial que ambos possuem. A alegria do povo, os belos bares, parques, feiras e shoppings, fazem de Goiânia um verdadeiro cartão postal. Já Brasília, além do Parque da Cidade e do Lago Paranoá, encanta pela sua variadíssima gastronomia e a paixão dos brasilienses pela arte, música, cinema e teatro.
Jornal de Brasília