Maria Rosynete de Oliveira Lima
Procuradora de Justiça do MPDFT
Dias atrás, duas pessoas jovens são presas pelo tráfico de drogas, após serem denunciadas por cidadão que notou "o sobe e desce de uma árvore". A árvore era o depósito da droga. Quando o "cliente" aparecia, o homem subia na árvore pegava a droga e, com a mulher, vendia ao interessado. A polícia foi chamada e a prisão foi efetivada.
A história pode parecer inusitada, mas, para os operadores da justiça criminal, a situação é comum, embora apenas algumas delas cheguem às barras do tribunal. Assim, guardar a droga em um lugar escondido e dela dispor facilmente quando o interessado aparecer é uma tarefa corriqueira dos pequenos traficantes. Mas, sem a colaboração de alguém da comunidade, dificilmente tais pessoas seriam presas, porque, se abordadas, nada trariam consigo e seriam imediatamente liberadas.
Infelizmente, para a maioria das pessoas, a droga é um problema do usuário, de sua família e do Estado. O discurso é mais ou menos assim: não sou usuário, não sou traficante, ninguém próximo a mim sofre com isso, não é problema meu!
Não se olvida que as principais vítimas das drogas são o usuário e sua família. Tanto que as propagandas têm neles seus personagens principais, na tentativa de que o jovem não se deixe levar por esse caminho tortuoso, e às vezes sem volta. No entanto, é um problema de todos e somente será combatido quando a sociedade se aliar a essas vítimas, denunciando e impedindo a sua propagação.
Parabéns a esse cidadão que abandonou "o eu" e conseguiu enxergar o verdadeiro problema, sabedor que a sua atitude faz parte da solução que vai beneficiar, ao fim e ao cabo, todas as pessoas. Tal prática deveria ser imitada, copiada, difundida entre todos.
Quem sabe o poder das drogas seja abalado, ou talvez diminuído, em uma sociedade que sofre, dia após dia, as suas mazelas.
Jornal de Brasília