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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

“Se você diz que o romance está morto, não é o romance, é você que está morto”, disse García Márquez. “A literatura de ficção não acabou, o que está acabando é o leitor”, concordou o Fonseca.

A morte da literatura já foi anunciada várias vezes, e todas, até agora, foram alarme falso. Abstraindo o exagero de se afirmar que a bomba atômica ou uma chuva de meteoros a varreriam do mundo, podemos, todavia, contar seus últimos dias se o leitor moribundo for o próprio autor. Salvo alguma espantosa exceção, que não me ocorre no momento, sujeito para ser considerado dignamente “escritor” tem de ter lido e, de preferência, entendido, muitas outras obras de muitos de seus colegas.

Não é a morte do romance que está em perigo – em condições normais a produção nunca se esgotará conquanto pudesse ficar suspensa por um tempo sem maiores estragos – e muito menos o seu meio físico. O problema é se os escritores pararem de escrever simplesmente porque não sabem ler. Mais ou menos como Scheler que morreu, diz a lenda, porque não conseguia mais dormir.

Nesse sentido, o lugar do “outro” leitor parece mais uma questão “jurídica”, digamos assim, do que propriamente teórica. No final do dia, não faz diferença se as intenções do escritor foram as melhores (generosidade), as piores (maldade) ou as mais mesquinhas (vaidade ou sobrevivência). Peguem as obras de Camões, Kafka e Dickinson, tão relevantemente diferentes em conteúdo e tão irrelevantemente diferentes em seus processos de criação.

P.S. O artigo de 3 de junho deste ano afirmou que “diz a lenda” que Bono escreveu “The sweetest thing” para a mulher, como pedido de perdão. Diz a lenda coisa nenhuma. Depois foi que assisti o respectivo vídeo, e tudo é muito óbvio. A primeira pessoa que aparece é a própria Ali, classuda e charmosa. Ao longo da execução da música, são exibidas diversas faixas contendo mil desculpas, num dinâmica urbana mas meio mágica, meio feérica. Estou precisando estudar mais U2. Ou conhecer a Ali pessoalmente.

Jornal de Brasília

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