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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Você conhece os chimpanzés, ou “pan troglodytes”. Talvez não conheça seus primos, os bonobos, que existem há milhões de anos, mas que só a partir de 1929 é que foram classificados em definitivo como espécie de primata, e entraram para a ciência como “pan paniscus”.

Dá para perceber que os chimpanzés são mais parrudos, enquanto bonobos são mais gráceis e classudos. Estudiosos sabem que aqueles são mais agressivos e estes, mais pacíficos; aqueles se engajam em congressos carnais a cada sete horas, em média, e estes, a cada hora e meia.

Nada disso acontece por acaso ou por instinto animal. Existe uma razão fundamental e ela é clara: as sociedades de chimpanzés são patrifocais, e as dos bononos, matrifocais. Ou seja, quem manda são os machos e as fêmeas, respectivamente. Ora, como os machos paniscus não precisam disputar poder, o que é desgastante física, mental e materialmente, eles têm menos stress e mais tempo e disposição para ficar no bem-bom.

Na Ilhéus de Gabriela, a sociedade é masculinizada, mas não é patrifocal. A olho nu, o poder se revela concentrado nas mãos dos coronéis do cacau, mas a figura que ocupa o posto “alfa” nas relações sociais é uma mulher: a Dona Dorotéia.

É ela quem toma muitas das decisões mais importantes da vida local, senão todas. Ela decide quem pode e quem não pode se casar. A ela é permitido torturar para obter informações. Ela tem autoridade para ungir protegidos, que lhe dão o peito e a testa (em etologia, isso se chama “bobbing”).

O próprio alvará de funcionamento do Bataclan é fruto de seu beneplácito, emitido para que bonobos acreditem que são chimpanzés. Isso mesmo: a fêmea “beta” é a Maria Machadão, que parece a nêmesis de d. Dorotéia, mas é na tolerância de sua cafetinagem que Ilhéus encontra seu ponto de equilíbrio. Na calada da noite, bonobos são bonobos mesmo.

A velha tem até poder de vida e morte. Juridicamente, ela foi a autora intelectual do assassinato de D. Sinhazinha. Mas o marido se sentará sozinho no banco dos réus.

Jornal de Brasília

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