Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
Não sei quem são os donos do Jornal de Brasília. Na sua redação jamais estive. Desconheço os integrantes de seu corpo editorial. Nunca conversei com o editor do caderno de opinião, não o conheço pessoalmente, nem sequer de vista e de chapéu. Meus artigos são encaminhados por intermédio da comunicação do Ministério Público, pela Mônica Silva ou Virgínia Sandoval, que fazem todos os contatos necessários e até um pouco mais.
Se eu descobrisse que o proprietário do diário é o Fernandinho Beira-Mar ou, pior, as Rainhas da Futrica, isso não mudaria nada. Não mudaria o fato formidável de que me foi permitido vir aqui nesta tribuna quase todas as semanas, por mais de cinco anos, ou seja, por 199 vezes – 200 hoje – para falar praticamente sobre o que bem quis. Eu disse “praticamente”; sei que tenho limites que gostaria de passar mas não convém.
Basicamente, escrevi três tipos de crônicas: técnicas, líricas e digestivas. As técnicas são as que eu mais deveria escrever. As líricas são as que eu mais gosto de escrever. As digestivas são as que as pessoas mais gostam de ler.
Embora a única pessoa que realmente importa seja o editor do jornal porque, sem a sua aprovação, por qualquer motivo, nada é publicado, acredito que tenha conquistado um número pequeno de leitores assíduos (o número exato é impossível saber). Mas vou eleger como musa minha leitora-símbolo, a Shirlene, que uma vez me confessou que faz coleção dos meus escritos. Chequei essa história e descobri que é verdadeira.
No início, os textos deveriam conter 4200 caracteres, com espaços. Depois, houve uma reforma na diagramação, e os tamanhos caíram para menos da metade. Para quem está acostumado a redigir, é muito pouco, um nada. O desafio é tentar atingir um certo nível de qualidade, mantê-lo e aprimorá-lo. É arrumar uma Shirlene e segurá-la.
Ainda não cheguei nem perto do fim da trajetória, pois pretendo chegar ao artigo número 508, se o editor do jornal deixar. Eu, ele e a Shirlene vamos longe.
Jornal de Brasília