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A farsa do chamado “Homem de Piltdown” foi desmascarada por um dentista, Alvan T. Marston, que descobriu um crânio fóssil humano, juntamente com outros de mamíferos, em um sítio de Swanscombe, Inglaterra. Estava disposto a demonstrar que o “o primeiro inglês” era o seu e não o de Piltdown.

O então recente método do flúor (assim utilizado porque ossos absorvem flúor do terreno onde se encontram; quanto mais flúor, em princípio, mais antigos), ele detectou que seus achados tinham o mesmo teor, e foram datados do tempo do pleistoceno médio.

Já o homem de Piltdown, em uma estimativa sem base científica, era bem mais antigo, do Pleistoceno inicial ou até do Plioceno. Mas o teste por flúor dos fósseis da região – mamutes, mastodontes, cavalos, antílopes e castores – revelaram idades variadas e, acima de tudo, confusas, pois alguns mais recentes tinham mais flúor do que outros mais antigos.

Na perfuração de um dos dentes do próprio “homem de Pildown”, verificou-se que a dentina era branca, e não escurecida, como em sua superfície. Charles Dawson ele mesmo disse que mergulhou as peças numa solução de bicromato de potássio, a fim de preservá-la, o que apenas modificava a cor e nada mais. Mas Marston se agarrou no detalhe, e em outros mais, e matou a charada, asseverando que o crânio era de um homem moderno jovem, a mandíbula, de um macaco jovem, e os molares e pré-molares, de um adolescente. E ele estava certíssimo, embora isso não tenha sido reconhecido de imediato. Hoje se sabe que tanto a parte humana do crânio quanto a do orangotango tinham cerca de ridículos 500 anos.

A palavra “fraude” não veio com Marsten, e sim com J. S. Weiner, que apontou para diversas inconsistências, o que gerou a retomada de estudos definitivos por parte de Sir Wilfrid Le Gros Clark e Kenneth Oakley. Em 1953, “o primeiro inglês” foi enterrado pela segunda vez, para nunca mais ser exumado: “memento homo, quia pulvis est, et in pulvera revertis”. Quem diria: aqui, o termo fraco é o “homo”.

Jornal de Brasília

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