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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Longe de mim afirmar que Louis Leakey fosse desonesto ou sequer incompetente. O mesmo não já posso dizer do emérito especialista Sir Arthur Keith, que passou a vida estimando a idade de fósseis, e que “errou ridiculamente a idade de todos eles” (as aspas são de Donald Johanson, de quem, por sinal, extraí as informações básicas desta série de artigos, nas obras “Lucy – Os primórdios da humanidade” e “O filho de Lucy – A descoberta de um ancestral humano”, além da serendipidade da internet).

Mas Louis era obstinado demais, e colocava evidências objetivas entre parêntesis se elas se chocassem com suas convicções. Ele parecia precipitar suas conclusões e, partir daí, angariava provas a favor e desprezava as contrárias. Cometeu erros enormes e exagerou na importância de suas conquistas. Afinal, o seu Zinjanthropus boisei não foi uma descoberta tão espetacular (não merecia ser tida como gênero próprio, e hoje foi reclassificada) e o Homo Habilis está muito longe de ser um consenso antropológico.

Podemos concluir, provisoriamente, que o temperamento de um pensador pode ter algum impacto no desenvolvimento da ciência – por ironia, justamente o ramo do conhecimento que pretende abstrair ao máximo qualquer vestígio de subjetividade ou idiossincrasia.

Até hoje muito se fala em Charles Darwin, que era notoriamente tímido, doente, avesso a polêmicas. Sua falta de disposição em enfrentar as ideias estabelecidas de sua época o fizeram estudar seres inofensivos, como pequenos crustáceos e conchas extintas. Sobre a “origem e história” do homem, foi breve e não insinuou mais que o óbvio: que “luzes serão lançadas”. Quem se animou a ir ao embate científico em seu nome não foi o próprio Darwin, e sim Thomas Huxley, homem de temperamento agressivo e audaz. Olha aí.

Jornal de Brasília



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