O Homo Habilis é uma das contribuições mais famosas dos Leakey para o mundo da ciência. Trata-se de um achado da mesma idade de outra conquista sua, o “Zinj”, só que este era um australopitecino e aquele, como o nome diz, era humanoide. E mais: era “hábil”, ou seja, de inteligência superior, porque capaz de fabricar artefatos de pedra.
Embora Louis também achasse que Zinj o fosse (ele parecia ser daquelas pessoas que achavam que tudo que é seu é lindo e maravilhoso, e os outros só merecem seu respeito se não lhe contrariassem), essa ideia nunca foi bem aceita. O Homo Habilis se apresentava como uma possibilidade bem mais viável na assunção de tal papel na linha da evolução.
Mas as evidências materiais do Homo Habilis são precárias, em quantidade e qualidade. Eram apenas quatro fósseis, todos pessimamente conservados na Garganta de Olduvai, a saber: no leito II, uma mandíbula com dois fragmentos cranianos (apelidado de “Filho de Johnny”) e mais um maxilar inferior com alguns dentes, partes do maxilar inferior e restos de crânio (“Cindy”); no leito I, alguns dentes e poucos fragmentos de crânio (“George”) e ainda um crânio esmagado e sete dentes (“Twiggy”).
O tal “George” foi localizado no final da tarde, e sua remoção ficou para o dia seguinte. À noite, uma manada de gado invadiu o local e espatifou o fóssil, fazendo perder para sempre muitos dos fragmentos. “Twiggy” também foi espatifada, mas de maneira menos espetacular. As reconstituições foram muito difíceis e acima de tudo engenhosas, mas agradaram Louis em cheio, pois a capacidade craniana média foi de 642 cm3, bem maior que as dos australopitecinos gráceis.
Jornal de Brasília