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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Um aspecto fundamental para se entender o funcionamento da ciência é este: conceitos, categorias e taxionomias partem de critérios que são frutos de uma decisão, ou seja, de um juízo de valor, não de um dado que a natureza ofereceu de mão beijada.

Determinar se a baleia é um peixe ou um mamífero – escusada a grosseria do exemplo – é uma decisão que um dia alguém tomou. Outros a aceitaram, até se estabelecer como algo de relevância ou consenso. Mas um e outro podem ser revistos a qualquer momento, seja em função de novas evidências, seja simplesmente porque surgiu uma pessoa com uma alternativa que propôs como mais adequada.

Esse fluxo requer que seja conquistada alguma fama. Atores e desportistas querem fama porque, do contrário, serão esquecidos e não conseguirão mais trabalhar (ou atuarão em papéis decadentes e times pequenos). Cientistas também precisam de fama. Não que o móvel indefectível seja a vaidade. Mas se você acha que conseguiu descobrir algo extraordinário, é natural que deseje que o maior número de pessoas dele tome conhecimento. “A riqueza em si mesma: que benefício ela traz se não pode ser comunicada; e de que adiantaria um homem possuir o universo inteiro se fosse seu único habitante?” (Rousseau).

No meio acadêmico, o procedimento do sucesso é desenvolvido pelas ferramentas das teses, livros, conferências, debates e títulos, mas as coisas não são tão altaneiras quanto parecem. Não existe ciência às cegas. Se o grande inventor for um perfeito desconhecido, ele precisará do apadrinhamento de alguém importante. Foi o que aconteceu com Charles Dawson e Sir Arthur Woodward.

Pois o patamar máximo da glória científica é alcançado quando se consegue migrar da atração da Nature para a capa da revista Caras, de preferência ao lado de um galãzinho de novela.

Jornal de Brasília
29/12/2012



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