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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Determinar se uma baleia é um peixe ou um mamífero é um exemplo grosseiro, colocado só para dar uma ideia de que, nas entrelinhas dos trabalhos os mais elaborados, sérios, ricos em conteúdo, existe de modo invisível uma série de variáveis subjetivas, que dizem respeito a questões como generosidade, temperamento, ambição.

Nos últimos artigos, tenho trabalhado exemplos oriundos da antropologia física, que ilustram que a vontade de se atingir determinado objetivo pode fazer obscurecer ou sabotar os meios naturais para atingi-los. Ou então, dentro da mais absoluta boa-fé, o próprio desenvolvimento da ciência se encarrega em abandonar descobertas que chegaram a ser consideradas inovadoras, apresentar propostas melhores, fazer reclassificações.

Muito falei sobre australopitecinos. Mas o que é isso? São primatas que se situam entre macacos e homens. Claramente não são nem um nem outro. Essa categoria própria foi forjada desde a obra de Sir Wilfred Le Gros Clark, que sabia que aspectos anatômicos isolados não seriam suficientes para se chegar a uma definição taxionômica.

No caso, estamos falando do formato dos dentes simiescos em comparação com os dos humanos – comparação essa  bastante perceptível –, e o tamanho dos cérebros, entre 430 e 550 cm 3, bem maiores do que os de macacos e bem menores do que os do “Homo Erectus”.

Mas muito mais do que isso ainda seria pouco. A antropologia ela própria carece do auxílio direto de outras disciplinas e especialidades, como arqueologia, geologia, palinologia (estudo de grãos de polens fósseis), dentre outras. Uma tese realmente bem feita precisa conciliar as inconsistências e incongruências que cada uma delas acaba produzindo, mesmo sem querer. O verdadeiro cientista é aquele que procura entender a realidade, e não brigar contra ela.

Jornal de Brasíla
31/12/2012

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