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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Em artigo anterior (A Baleia), foi dito que não existe ciência às cegas. É que a autoridade da fonte é argumento cujo peso não se consegue derrubar. Não que isso não tenha sido tentado, por exemplo, pelos empiristas, cuja doutrina da observação direta dos fatos já foi objeto de ataques intensos, e permanece como discussão de interesse filosófico. Mas o senso comum e a própria ciência não vão tão longe na recuperação potencialmente infinita da “certeza absoluta” das coisas.

No dia-a-dia, as pessoas obtêm informações práticas (ou curiosidades inúteis) pela via da confiança depositada em outras pessoas (a mulher, a empregada, um colega de trabalho) ou do jornal, da televisão. Se um site não sensacionalista de notícias diz que determinada personalidade morreu, de um modo geral não é necessário se confirmar isso acessando outros sites. O sujeito já passa a informação adiante, acreditando que seja verdadeira: você viu etc?

A ciência também se contenta com uma epistemologia fragmentária, e o verdadeiro cientista é justamente aquele que tem plena consciência disso. Em certas áreas, como as da saúde, isso é refrescado pela cultura dos congressos. Nos mais importantes, atende gente do mundo inteiro na busca por novidades. Expor em um evento assim é privilégio de poucos, que ali chegaram já tendo mostrado serviço, em teses, títulos e congressos anteriores. Essa circularidade cuida de tratar de um conhecimento que se produz ao mesmo tempo em que se forja.

Na minha área de atuação, o direito, congressos – desculpem a generalização grosseira - são apenas vitrines em que as atrações vão falar para estudantes ingênuos, sicofantas ou pessoas sérias, mas que não terão oportunidade de fazer provocações ou suscitar debates mais aprofundados. Aqui, o conhecimento somente se forja.

Jornal de Brasília - 7/1/2013


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