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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Uma tese, científica ou não, é uma possibilidade de explicação de um aspecto da realidade, a partir de outros aspectos da própria realidade. Uma tese, portanto, é uma coleção de elementos que existem no mundo, que se juntam a outros que não existem, para formar aquilo que pode ou não existir ou vir a existir.

Os três processos da elaboração teórica estão sujeitos a uma série de dificuldades. O lado empírico é muitas vezes de uma observação lenta, vaga, cara, muito especialmente quando o objeto da observação são coisas demasiado distantes no tempo (seres extintos há milhões de anos) ou no espaço (astros de outras galáxias).Mas o mesmo vale mutatis mutandis para estudos que se permitem uma manipulação mais sensível, como o comportamento de animais ou os benefícios de certos alimentos no organismo humano.

Gadamer definia teoria como “a visão daquilo que existe”, mas coma ressalva de que “aquilo que existe” não é rigorosamente um fato e sim um conceito, “algo sempre referido a um contexto de suposição ou expectativa”.

As suposições do pensador situam-se no meio termo entre o que ele sabe e o que ele acha. O que é e o que pode ser. O que pode ser e o que deve ser. O possível e o provável. O improvável que se candidata a verdadeiro. Essa movimentação, tantas vezes surpreendente, deve ser feita com o máximo de cuidado para que as coisas fiquem separadas, para que a teoria não seja um “ato individual instantâneo” (Gadamer). Uma teoria inepta mistura tudo sem querer. Uma teoria desonesta mistura tudo por querer.

Surgem daí as duas faces da moeda da ciência. A coroa é o nível epistemológico e diz respeito ao seu extrato racional, à sua validade estatutária como algo de útil para a humanidade. A cara diz respeito simplesmente à idoneidade moral de seus autores.

Jornal de Brasília - 14/1/2013

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