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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Você já notou que, quando assistimos a um filme, parece que o ator/atriz mostrado ad nauseam vai ficando mais bonito(a)? Isso não ocorre somente quando a ideia é justamente essa, ou seja, quando o personagem vai melhorando no decorrer da fita: passa a usar roupas mais adequadas, tira o aparelho ortodôntico, vai ganhando em confiança etc.

Com a produção de outros filmes, a tendência é se compartilhar o padrão de beleza daquele indivíduo, em um julgamento que se soma a um padrão estabelecido, que o alimenta. Para exagerar no exemplo, ninguém é obrigado a achar Charlize Theron atraente mas, de bom ou mau grado, está obrigado a admitir que muita gente o acha.

Aristóteles, em sua “Poética”, diz que “é fato comum experimentarmos prazer com a visão de imagens sumamente fiéis de coisas que contemplaríamos penosamente, do que constituem exemplos as formas dos animais selvagens mais repugnantes e dos cadáveres”. O que ele está fazendo é ir além do prazer que se tem ao se capturar algo de agradável aos sentidos. Mesmo coisas detestáveis podem ser também satisfativas, e a explicação é que “o conhecimento proporciona regozijo; olhar imagens faz as pessoas experimentarem prazer, porquanto essa visão resulta na compreensão e no raciocínio em relação ao significado de cada elemento das imagens, conduzindo ao discernimento”.

Portanto, o prazer é fruto do discernimento, que é fruto da compreensão, que é fruto da imitação. O Filósofo achava que o homem é “o mais imitativo de todos os animais”. Mas aqui foi longe demais. Não creio que primatólogos modernos concordem com isso. A memória do chimpanzé é muito superior a de qualquer humano, por sua imensa capacidade de imitação e precário talento para imaginação, para criação de coisas novas. Não à toa, são também muito mais fortes do que nós.

Jornal de Brasília - 4/2/2013

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